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Em Cabul, Bachelet defende empoderamento das mulheres junto das autoridades Talibã BR

Michelle Bachelet saudou a mudança, que segundo ela era uma lei da época colonial que impactava de forma mais abrangente a integrantes da comunidade Lgbtiq+
ONU/Jean-Marc Ferré
Michelle Bachelet saudou a mudança, que segundo ela era uma lei da época colonial que impactava de forma mais abrangente a integrantes da comunidade Lgbtiq+

Em Cabul, Bachelet defende empoderamento das mulheres junto das autoridades Talibã

Direitos humanos

Chefe de direitos humanos disse que medida permitirá que as afegãs possam contribuir para o progresso nacional; alta comissária afirma que todos temem possíveis bombardeios ou fome; ela advertiu que eventuais crises humanitária e econômica podem ceifar muito mais vidas que o próprio conflito.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos apelou ao empoderamento das mulheres para que possam contribuir para o progresso do Afeganistão.

Michelle Bachelet falou esta sexta-feira a jornalistas, em Genebra,após retornar de uma visita à capital do país, Cabul.

Escolas e universidades

Durante a presença em território afegão, ela disse ter conversado com autoridades de facto Talibã sobre a urgência de se acabar com as violações de direitos humanos.

 Uma em cada três pessoas no Afeganistão enfrenta níveis de emergência ou crise de segurança alimentar
UNHCR/Andrew McConnell
Uma em cada três pessoas no Afeganistão enfrenta níveis de emergência ou crise de segurança alimentar

 

Para Bachelet, as afegãs têm trabalhado incansavelmente para proteger suas famílias diante de situações de guerra e pobreza extrema.

A chefe de direitos humanos da ONU enfatizou que as meninas devem poder ir à escola e às universidades e serem capacitadas para contribuir de uma forma robusta para o futuro do país.

A alta comissária resumiu ainda a atuação local em direitos humanos nos 20 anos da Missão da ONU no Afeganistão, Unama.

Para ela, em tempos de “inúmeras crises e tumultos”, o trabalho inclui contar o número de civis do conflito armado, monitorando e relatando o impacto sobre os afegãos.

Comissão Independente

Ela destacou ainda o diálogo mantido com as várias partes, incluindo com o Talibã, sobre a proteção de civis, o direito internacional humanitário e dos direitos humanos.

A ONU atuou ainda com autoridades estatais relevantes, a Comissão Independente de Direitos Humanos do Afeganistão e a sociedade civil no combate à violência contra as mulheres.

O trabalho envolveu o aconselhamento sobre leis, visita a centros de detenção e conversa com detentos.

Milhões de estudantes estão fora da escola no Afeganistão e 70% dos professores não recebe salário.
Unesco/Rezayee
Milhões de estudantes estão fora da escola no Afeganistão e 70% dos professores não recebe salário.

 

As ações de duas décadas no país também incluíram documentar, relatar e denunciar violações e abusos dos direitos humanos por parte do Estado e de grupos armados não estatais defendendo os direitos dos afegãos de todas as origens ou convicções.

Risco

Michelle Bachelet destacou ainda a atuação contra casos de tortura e maus-tratos. Mas ressaltou que após a tomada do poder pelo Talibã, em 15 de agosto de 2021, houve claramente algumas mudanças drásticas no país.

Com o declínio da violência, as vítimas do conflito reduziram de maneira significativa. Mas disse recear que as crises humanitárias e econômicas possam ceifar muito mais vidas.

Uma em cada três pessoas no Afeganistão enfrenta níveis de emergência ou crise de segurança alimentar e há acesso limitado a dinheiro, altos níveis de desemprego e deslocamento. Além disso, permanece um risco alto de ataques do grupo terrorista Iskp e outros.

Ela disse que todos concordam que é inaceitável e inconcebível que o povo do Afeganistão tenha de viver com a perspectiva de bombardeio ou fome.