Assembleia Geral repudia ofensiva militar da Rússia à Ucrânia BR

Resolução foi aprovada por 141 votos a favor, 5 contra e 35 abstenções; votação na Assembleia Geral concluiu sessão especial de emergência após uma resolução sobre o tema ter sido vetada pela Rússia no Conselho de Segurança, na semana passada; texto condena decisão de aumentar forçar nucleares.
A Assembleia Geral da ONU aprovou nesta quarta-feira uma resolução deplorando a ofensiva militar da Rússia à Ucrânia. O resultado foi lido pelo presidente da Casa, Abdulla Shahid.
O presidente informou que o texto recebeu 141 votos a favor, 5 contra e 35 abstenções.
A sessão especial de emergência na Assembleia Geral foi solicitada após a Rússia vetar no Conselho de Segurança uma resolução condenando a ofensiva.
Na decisão desta quarta-feira, a Assembleia citou a resolução 2623 de 27 de fevereiro, no Conselho, que pedia a sessão de emergência “Unindo pela Paz”. Esse mecanismo é acionado quando o Conselho de Segurança não alcança unanimidade sobre um tema crucial para a paz e a segurança internacionais.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também participou do encontro, nesta quarta-feira.
O texto da resolução endossou a declaração do secretário-geral de que um ataque dessa natureza repudia os princípios da Carta da ONU e lembra aos Estados-membros sobre sua obrigação com o Artigo 2 do documento "de se absterem de ameaças ou uso da força contra a integridade territorial e a independência política de qualquer nação" resolvendo suas diferenças por meios pacíficos.
A resolução condena a declaração da Rússia sobre uma “operação militar especial” na Ucrânia, feita no último 24 de fevereiro, e expressa preocupação grave com ataques a alvos civis como residências, escolas e hospitais, que estão ferindo e matando incluindo mulheres, crianças, pessoas com deficiências e idosos.
Segundo a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, mais de 875 mil ucranianos já cruzaram as fronteiras com países vizinhos para fugir dos ataques russos.
Dentre os países lusófonos, Angola e Moçambique se abstiveram da votação. Guiné-Bissau se ausentou e os demais países: Brasil, Cabo Verde, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste votaram a favor.
O embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, foi o único que explicou o voto do país afirmando que as soluções duradouras só podem ser alcançadas à mesa de negociações com compromisso com o diálogo.
Segundo ele, o Brasil continua pedindo a ambas as partes para reduzir a escalada da violência e renovar os esforços para gerar um acordo diplomático entre Ucrânia e Rússia que leve à segurança e estabilidade da região.
Na resolução, os países-membros da ONU ressaltaram que as operações militares da Rússia dentro do território soberano da Ucrânia estão numa escala que a comunidade internacional não via na Europa há décadas.
A resolução diz que é preciso uma ação urgente para salvar esta geração do flagelo de uma guerra, condena a decisão russa de aumentar suas forças nucleares e expressa grave preocupação com a deterioração da situação humanitária ao redor da Ucrânia, com o aumento do número de deslocados internos e com o impacto global e o aumento da insegurança alimentar no mundo, uma vez que a Ucrânia é considerada um dos maiores exportadores de grãos e produtos agrícolas do planeta.
A resolução da Assembleia Geral também menciona o Memorando sobre Garantias de Segurança em Conexão com a Adesão da Ucrânia ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, conhecido como Memorando de Budapeste, de 1994.