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Nações Unidas lançam dois apelos de emergência para Ucrânia e região BR

Famílias cruzam a fronteira com a Polônia após deixarem a Ucrânia.
Foto: © UNHCR/Chris Melzer
Famílias cruzam a fronteira com a Polônia após deixarem a Ucrânia.

Nações Unidas lançam dois apelos de emergência para Ucrânia e região

Ajuda humanitária

Segundo secretário-geral, um foca na escalada das necessidades humanitárias dentro do país e o outro busca responder à demanda dos ucranianos que estão cruzando fronteiras e buscando refúgio em nações vizinhas; família que conseguiu chegar à Polônia revela ao Acnur saga com crianças dentro do carro e três dias sem banheiro ou refeições.  

Milhares de carros aguardam pela luz verde na ponte de aço sobre o Rio Bug, na fronteira com a Polônia – é o sinal de passagem para dezenas de veículos com famílias que abandonaram a Ucrânia às pressas nos últimos dias por causa da agressão russa. 

Olga, de 36 anos, deixou seu país na quinta-feira, assim que as primeiras bombas caíram. Ela contou a sua história à Agência da ONU para Refugiados, Acnur, revelando que a viagem, que geralmente dura sete horas, foi feita em três dias. Olga não estava sozinha no carro: saiu da Ucrânia acompanhada do filho de dois anos, da filha de oito anos e de uma vizinha com sua filha. 

500 mil refugiados  

Olga conta ao Acnur que conseguiu chegar à Polônia depois de três dias.
Foto: © UNHCR
Olga conta ao Acnur que conseguiu chegar à Polônia depois de três dias.

A ucraniana disse ao Acnur que foram 12 horas apenas para sair da capital, Kiev. A viagem de carro de três dias até a Polônia, com as crianças, ainda teve outras dificuldades: a falta de acesso a banheiros ou a refeições. Por fim, conseguiram chegar, mas o marido dela ficou na Ucrânia, para lutar contra os russos, e ela diz não ter ideia de como será o futuro da família. 

A história de Olga é apenas uma entre dezenas de milhares: estimativas do Acnur divulgadas na segunda-feira apontam para mais de meio milhão de ucranianos que teriam cruzado as fronteiras em busca de segurança, sem contar o número de pessoas que agora estão deslocadas internamente na Ucrânia. 

Financiamento é essencial  

Bombardeio atingiu parquinho infantil em Kiev, capital da Ucrânia.
Foto: © UNICEF/Andrii Marienko/UNIAN
Bombardeio atingiu parquinho infantil em Kiev, capital da Ucrânia.

Para ajudar essas famílias, as Nações Unidas lançam nesta terça-feira dois apelos humanitários coordenados. Segundo o secretário-geral António Guterres, um dos apelos tem a meta de angariar fundos para ajudar a população que continua na Ucrânia e o outro busca atender às necessidades dos que buscam refúgio em nações da região.  

Guterres lembrou que a ONU já repassou US$ 20 milhões do seu Fundo Central de Resposta a Emergências para a ampliação dos trabalhos humanitários.  

O secretário-geral está fazendo um apelo à comunidade internacional para a mobilização de “apoio e financiamento dos apelos”, para que as agências humanitárias consigam “tratar de todas as necessidades dos deslocados pela crise”. Ele lembrou que o número de pessoas afetadas continuará subindo. 

A diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, revela que a agência está recebendo relatos de “hospitais, escolas e instalações de água e saneamento” sob fogo na Ucrânia, com explosivos sendo lançados em áreas povoadas. 

Segundo Catherine Russell, existem crianças entre os mortos e feridos, sendo que as sobreviventes estão traumatizadas pela onda de violência.  

Ela reforçou o apelo internacional para o fim de todas as operações militares na Ucrânia.