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Seis em cada sete pessoas no mundo têm sentimento de insegurança  BR

Novo relatório destaca que o aumento da solidariedade deve ser além-fronteiras
Foto: © UNICEF/Anush Babajanyan/VII Photo
Novo relatório destaca que o aumento da solidariedade deve ser além-fronteiras

Seis em cada sete pessoas no mundo têm sentimento de insegurança 

Desenvolvimento econômico

Programa da ONU para Desenvolvimento, Pnud, alerta sobre baixa na percepção de proteção individual; pandemia agrava situação gerada por fatores como crise climática, desafios do mundo digital, falta de igualdade, conflitos e limitações no setor da saúde. 

As Nações Unidas afirmam que o mundo precisa de mais solidariedade diante de ameaças que se acentuaram nos últimos anos. Esses desafios se revelam em tecnologias digitais, desigualdades, conflitos e a capacidade dos sistemas de saúde de enfrentar novas crises como a pandemia. 

Segundo um novo relatório do Programa da ONU para Desenvolvimento, Pnud, seis em cada sete pessoas no mundo vivem o sentimento de insegurança. 

Solidariedade 

A agência lançou a pesquisa global Novas Ameaças à Segurança Humana no Antropoceno enfatizando que além de solidariedade, a situação requer uma reorientação de esforços de desenvolvimento. 

Sensação de segurança e de baixa proteção das pessoas estão em níveis baixos em quase todos os países
Foto: Unicef/Joshua Estey
Sensação de segurança e de baixa proteção das pessoas estão em níveis baixos em quase todos os países

 

O diretor do Gabinete do Relatório de Desenvolvimento Humano, Pedro Conceição, disse à ONU News que a nova constatação foi surpreendente na sua dimensão. 

“Há um contexto em que estamos a viver todos nós: em que ter saúde ou padrões de vida relativamente confortáveis não garante que as pessoas se sintam seguras. Na verdade, o relatório identifica que nalguns dos países, em que o nível de desenvolvimento humano é mais alto, em termos de índice de desenvolvimento, o crescimento de insegurança cresceu mais. Há algo aqui no atual contexto que leva as pessoas a não se sentirem seguras.” 

O documento destaca que tanto a sensação de segurança como o de proteção das pessoas estão em níveis baixos em quase todos os países.  

Ansiedade 

Pedro Conceição frisa que o fato acontece apesar de anos de melhoria no progresso.   

Seis em cada sete pessoas no mundo têm sentimento de insegurança

 

“Há um contexto que está ligado, por exemplo, às mudanças climáticas ou à Covid-19, que está relacionado com processos de alterações a nível global e ligado a novos perigos. Portanto, o mundo está mais perigoso. E as pessoas não vêm por exemplo de que forma é que podem ir de encontro às oportunidades, muitas das quais poderiam ser oferecidas à medida em que entramos mais no Século 21.” 

O documento ressalta que aqueles que se beneficiam de alguns dos mais altos níveis de bons resultados em saúde, riqueza e educação estão relatando uma ansiedade ainda maior do que há 10 anos. 

O relatório destaca ainda que o aumento da solidariedade deve ser além-fronteiras. 

Essa situação deve ser acompanhada de uma nova abordagem ao desenvolvimento para uma realidada que “permita que as pessoas vivam livres de carência, do medo, da ansiedade e da falta de dignidade.” 

Mudança climática  

Na publicação, o chefe do Pnud, Achim Steiner, destaca que se observa “o momento de se reconhecer os sinais de sociedades que estão sob imenso estresse e redefinir o que realmente significa progresso.” 

Crise da Covid-19 acentuou sentimento de insegurança dos últimos anos
Yun Liu
Crise da Covid-19 acentuou sentimento de insegurança dos últimos anos

 

Para tal é preciso “um modelo de desenvolvimento adequado ao propósito que seja construído em torno da proteção e da restauração do planeta com novas oportunidades sustentáveis ​​para todos.” 

Num momento de queda da expectativa de vida global pelo segundo ano devido à pandemia, fatores como a mudança climática podem se tornar uma das principais causas de morte em todo o mundo.  

O Pnud ressalta que apesar de uma mitigação moderada das emissões, cerca de 40 milhões de pessoas podem morrer com a alteração das temperaturas antes do final do século.