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Peritos da ONU chegam ao Brasil para avaliar combate e prevenção à tortura BR

Especialistas da ONU sobre Prevenção de Tortura visitam Brasil.
Foto: Unsplash/Nathan Wright
Especialistas da ONU sobre Prevenção de Tortura visitam Brasil.

Peritos da ONU chegam ao Brasil para avaliar combate e prevenção à tortura

Direitos humanos

Grupo estará em Brasília até o dia 4 de fevereiro em reuniões com autoridades para discutir decreto presidencial que estipulou trabalho voluntário para integrantes do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura; chefe da delegação teme que sistema não esteja sendo operacional. 

 

Peritos do Subcomitê da ONU de Prevenção à Tortura* chegam ao Brasil nesta segunda-feira para reuniões com autoridades do país. Os especialistas ficam na capital, Brasília, até o dia 4 de fevereiro, avaliando uma política nacional que alterou o sistema de prevenção e combate à tortura.  

O grupo está preocupado com as consequências de um decreto presidencial promulgado em junho de 2019, que estipulou que os integrantes do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura não serão mais remunerados, devendo trabalhar de forma voluntária, sem receber apoio do governo. 

Assunto urgente  

Tribunal de Contas em Brasília
Daderot
Tribunal de Contas em Brasília

Os especialistas da ONU temem que a medida enfraqueça o funcionamento deste organismo nacional de fiscalização da tortura. A chefe da delegação e presidente do Subcomitê da ONU, Suzanne Jabbour, declarou que “sem apoio administrativo ou financeiro por parte das autoridades brasileiras, o Mecanismo não será operacional”. 

Segundo ela, a entidade deve visitar e monitorar com regularidade prisões e outros estabelecimentos de detenção. Por isso, a especialista considera “urgente” verificar como anda o seu funcionamento. O decreto foi suspenso por determinação do tribunal federal e ainda aguarda uma decisão final. 

A presidente do grupo da ONU explica que a reunião no Brasil estava prevista para 2020, mas precisou ser adiada devido à pandemia. Jabbour destaca que “com o diálogo com as autoridades”, o grupo espera “transmitir a mensagem de que um mecanismo nacional forte de prevenção de tortura é fundamental para promover e proteger os direitos humanos das pessoas privadas de liberdade no país”.  

Todos os Estados-membros do Protocolo Opcional da Convenção contra Tortura são obrigados a estabelecer mecanismos operacionais nacionais de prevenção. Estes organismos realizam visitas a lugares onde ficam pessoas detidas, como parte dos esforços de prevenção a tortura e maus tratos e para melhorar as condições de detenção.  

O Brasil estabeleceu um sistema nacional de prevenção a tortura em 2013, mas apenas quatro dos 26 estados brasileiros implementaram um organismo de prevenção. Integrantes do Subcomitê visitaram o Brasil em 2011 e 2015. Os relatórios das visitas estão disponíveis aqui

  *O Subcomitê é formado por 25 membros que são peritos independentes de direitos humanos, servindo em sua capacidade pessoal, sem representar os países-membros. O Subcomitê tem o mandato de visitar os países que ratificaram o Protocolo Opcional da Convenção contra Tortura. O Subcomitê comunica suas observações e recomendações aos Estados através de relatórios confidenciais, encorajando os países a torná-los públicos.