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“Pandemia mostrou que alimentação escolar é mais importante do que nunca” BR

Com o fechamento das escolas, bilhões de merendas deixaram de ser distribuídas em todo o globo
FAO/Ubirajara Machado
Com o fechamento das escolas, bilhões de merendas deixaram de ser distribuídas em todo o globo

“Pandemia mostrou que alimentação escolar é mais importante do que nunca”

Cultura e educação

Representante da Cooperação Brasil-FAO nota que país tem uma das melhores políticas do setor do mundo; Najla Veloso fala sobre via de mão dupla, com compras de alimentos frescos a partir de famílias de agricultores e revela o conteúdo ideal de uma refeição escolar. 

No mundo todo, quase 390 milhões de estudantes são beneficiados com políticas de alimentação escolar, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO

O benefício acabou sendo interrompido para muitos alunos nos últimos dois anos, já que a pandemia de Covid-19 obrigou as escolas a fecharem as portas durante os períodos de confinamento. Muitas crianças dependem totalmente das refeições servidas nas escolas para se alimentarem.  

Brasil é referência  

Alimentação escolar no Brasil é referência no mundo

A coordenadora do projeto de Consolidação de Programas de Alimentação Escolar na América Latina, uma iniciativa da Cooperação Brasil-FAO, explica que o país é referência global no setor. 

De Brasília, Najla Veloso disse à ONU News que a pandemia mostrou que a alimentação escolar é ainda mais importante do que se imaginava. 

“A entrega de alimentos na escola é a garantia das condições para que os estudantes aprendam, permaneçam, tenham rendimento (escolar) e possam recuperar essas perdas imensas que eu inclusive tenho lido, a Unicef e a Unesco têm publicado, relacionadas a tudo aquilo que foram as pendências deixadas pela pandemia. A alimentação na escola é essa ação que vai, de fato, apoiar essa qualidade na educação que nós precisamos.” 

Prato saudável  

Entre 2013 e 2020, o número de alunos recebendo merenda cresceu 9% globalmente e 36% em países de baixa renda
Unicef/Mark Naftalin
Entre 2013 e 2020, o número de alunos recebendo merenda cresceu 9% globalmente e 36% em países de baixa renda

Segundo Najla Veloso, a política brasileira foca também no apoio público à agricultura familiar: cerca de 30% dos alimentos comprados pelo governo para as refeições escolares são produzidos por pequenos agricultores.  

A especialista da Cooperação Brasil-FAO conta quais são os alimentos essenciais que precisam estar em um prato de merenda escolar. 

“A melhor comida é a comida de verdade, aquela que é fresca (principalmente frutas e verduras), saudável, que na maioria das vezes é crua, feita com nossos grãos tradicionais, arroz e feijão, aquela que aporta os lácteos, ovos e derivados, aquela que reúne uma quantidade de proteína possível e necessária para garantir que os estudantes no período escolar, pelo menos, tenham garantidas as suas necessidades nutricionais.” 

No Brasil, cerca de 40 milhões de estudantes da rede pública são beneficiados diariamente pelo programa de alimentação escolar, que funciona em 150 mil estabelecimentos de ensino.  

A iniciativa Cooperação Brasil-FAO ajuda na consolidação dos programas de alimentação escolar, que no caso específico do país, promove também as condições de vida e de renda para milhões de famílias agricultoras.