Ajuda humanitária chega aos refugiados em Tigray, após semanas de acesso interrompido BR

Acnur afirma que refugiados da Eritreia estavam assustados e sem suprimentos básicos, como comida, água e remédios; Nações Unidas pede que partes do conflito garantam a segurança da realocação de 25 mil pessoas; representante afirma que ajuda urgente é necessária para salvar vidas.
Pela primeira vez em semanas, equipes de ajuda humanitária das Nações Unidas chegaram a campos de refugiados na região de Tigray, na Etiópia. Após ataques aéreos na região, o acesso havia sido interrompido por questões de segurança.
Segundo a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, mais de 20 pessoas morreram nas últimas seis semanas por falta de remédios.
Os relatos ainda apontam que muitos refugiados estão com “medo e lutando para conseguir comer”.
Os mais de 25 mil refugiados que vivem em dois campos em Tigray devem ser realocados para a região vizinha de Amara. O Acnur pediu para que todas as partes em conflito permitam que a transferência aconteça de forma segura.
Segundo o porta voz da agência, Boris Cheshirkov, após três semanas sem acesso à região, os funcionários conseguiram chegar aos campos de refugiados no início desta semana.
Ele relatou que a equipe encontrou refugiados assustados e sem comida, remédios e com pouco ou nenhum acesso a água potável.
De acordo com o Acnur, a única fonte de água é dos córregos, que estão secando rapidamente e deixando as pessoas expostas a doenças transmitidas pela água.
O trabalho dos agentes foi prejudicado pela falta de combustível, impedindo que a água limpa fosse bombeada ou transportada para os campos.
Cheshirkov adicionou que, apesar dos esforços conjuntos, a completa incapacidade de transportar suprimentos para a região significa que a fome extrema é uma preocupação crescente.
O porta-voz também afirmou que com a comida acabando no campo e sem estoques adicionais disponíveis para distribuição, os refugiados recorreram à venda de suas roupas e poucos pertences para comer.
Ele afirmou que “mais refugiados morrerão” se alimentos, remédios, combustível e outros suprimentos não chegarem imediatamente e se eles não forem realocados fora de perigo.
O porta-voz do Acnur insistiu que os refugiados “não devem ser reféns” dos combates, reforçando o apelo da ONU para que todas as partes do conflito na Etiópia protejam os civis e respeitem os direitos humanos e as liberdades fundamentais de todos.
Cheshirkov afirmou ainda que a situação desesperadora nesses campos é um exemplo claro do impacto da falta de acesso e suprimentos que afeta milhões de pessoas deslocadas e outros civis em toda a região.
O agravamento da situação ocorre ao mesmo tempo que o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, alertou que a distribuição de alimentos em Tigray está em seu “mais baixo de todos os tempos”.
Os estoques de alimentos e combustível estão quase totalmente esgotados. Apenas 10 mil pessoas receberam assistência entre 6 e 12 de janeiro, uma pequena parcela dos 9,4 milhões que precisam de ajuda, nas regiões de Tigray, Afar e Amhara. Nos últimos quatro meses, houve um número de 2,7 milhões de necessitados.