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Muitos migrantes acabam optando por retornarem aos seus países de origem.

“Dificuldades para os migrantes redobraram”, avalia chefe da OIM em Portugal BR

Foto: IOM/Muse Mohammed
Muitos migrantes acabam optando por retornarem aos seus países de origem.

“Dificuldades para os migrantes redobraram”, avalia chefe da OIM em Portugal

Migrantes e refugiados

Até 97% das pessoas que recebem apoio da agência da ONU no país são do Brasil; em segundo lugar vêm os britânicos: representante da Organização Internacional para Migrações explica que Brexit levou ao aumento expressivo; Vasco Malta calcula que 250 afegãos já se mudaram  para Portugal desde que o Talibã tomou o poder.  

Com a pandemia de Covid-19 e a crise econômica em vários países, Portugal continuou recebendo muitos migrantes em 2021. Segundo o chefe do escritório da Organização Internacional para Migrações, OIM, em Lisboa, a nacionalidade brasileira é a maior presença em território português há uma década. 

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Vasco Malta contou à ONU News que são pelo menos 185 mil brasileiros vivendo em Portugal, mas o número real pode ser mais alto, já que o balanço oficial da entrada de migrantes em 2021 ainda não foi divulgado. 

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Retorno  

O chefe da OIM no país  explica que muitas pessoas acabam em uma situação de vulnerabilidade, principalmente os que estão irregulares. Segundo Malta, a alternativa para muitos acaba sendo voltar para casa.  

“As pessoas migrantes em Portugal, muitas vezes desprovidas de qualquer ligação à comunidade, tiveram de fato ainda mais dificuldades, redobradas, quando a Covid aconteceu. E aí falamos exatamente do nosso programa de apoio de retorno voluntário e reintegração, onde pessoas na sua grande maioria de nacionalidade brasileira, e só para terem noção, as pessoas de nacionalidade brasileira correspondem de 95% a 97%  do apoio que nós damos a esse projeto, através do qual nós apoiamos uma família, uma pessoa, que não se integrou no nosso país e queira voltar ao seu país de origem.”  

Neste ano, a OIM ajudou 113 migrantes a voltarem para casa. Muitos acreditam na recuperação econômica e preferem continuar em Portugal até poderem, de fato, iniciar seus projetos de vida.  

Chegada de afegãos  

Mais de cinco milhões de afegãos estão deslocados internamente, incluindo essas famílias em Herat
OIM/Mohammed Muse
Mais de cinco milhões de afegãos estão deslocados internamente, incluindo essas famílias em Herat

Vasco Malta contou que muitos britânicos decidiram fixar residência em território português desde que o Reino Unido deixou a União Europeia.  

Atualmente, 46 mil britânicos moram em Portugal, sendo a segunda nacionalidade mais representativa no país. Malta fala também da presença de civis da Síria e do Afeganistão.  

“No que respeita aos cidadãos afegãos e cidadãos sírios, temos aqui vários níveis. Estamos a falar de pessoas refugiadas, sendo que alguns dos movimentos, principalmente dos reinstalados e recolocados tiveram o apoio da OIM, para serem reinstalados ou recolocados aqui no nosso Portugal. Depois tivemos também um conjunto de voos patrocinados diretamente pelo Estado português que permitiram, nesses últimos dois meses, trazer um número significativo de cidadãos afegãos ao nosso país, através de voos charter.” 

Vasco Malta explica que a entrada de afegãos em Portugal foi uma ação do próprio governo, mas o chefe do escritório da OIM acredita que cerca de 250 pessoas do Afeganistão estejam vivendo no país.  

O representante acredita que 2022 poderá atrair ainda mais migrantes a Portugal e lembra que a OIM estará sempre pronta para ajudar a todos.  

Migrante é entrevistado por equipe da OIM.
Foto: IOM
Migrante é entrevistado por equipe da OIM.