Com eleições canceladas, ONU pede respeito à vontade do povo líbio
Paz e segurança
Cerca de 2,8 milhões de eleitores eram esperados nas urnas em 24 de dezembro; Comissão Eleitoral da Líbia diz não poder atender a agenda da votação e solicita nova data em 30 dias; chefe da ONU defende que eleições aconteçam em condições adequadas para encerrar pacificamente a transição política no país
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e a conselheira especial na Líbia, Stephanie Williams, pediram que as instituições respeitem e apoiem a vontade dos 2,8 milhões de líbios que se inscreveram para votar neste 24 de dezembro.
As eleições foram canceladas a dois dias do pleito, quando a Comissão Eleitoral do país anunciou que, apesar da disponibilidade técnica, não poderá atender a data agendada para as eleições nacionais.
Centro de Bengazi danificado durante confrontos
Nova data
De acordo com a conselheira da ONU, a Comissão citou dificuldades relacionadas à inadequação da legislação eleitoral e ao processo de contestações e recursos relacionados à elegibilidade dos candidatos.
Por isso, a corpo eleitoral solicitou que a Câmara dos Representantes estabeleça outra data para o primeiro turno nos próximos 30 dias, de acordo com o previsto em lei, para que as questões sejam solucionadas.
Para Stephanie Williams, os atuais desafios do processo eleitoral não devem ser utilizados para minar a estabilidade e o progresso alcançados na Líbia nos últimos 15 meses.
Ela pediu que as instituições e os atores políticos se concentrem na criação de condições políticas e de segurança para garantir a realização de eleições inclusivas, livres, justas e pacíficas, com resultado aceito por todos os partidos.
Eleições fazem parte do roteiro político adotado no ano passado, após um cessar-fogo histórico entre as administrações rivais
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Statement from the Special Adviser to the Secretary-General on Libya - 23 December 2021 👇👇👇👇https://t.co/3UlHEwrcca
SASGonLibya
Soluções
Em nota, o chefe da ONU afirmou ser imperativo que a vontade do povo seja respeitada. Para Guterres, as eleições presidenciais e parlamentares devem ocorrer na Líbia em condições adequadas para encerrar pacificamente a transição política e transferir o poder para instituições eleitas democraticamente.
Assim, os representantes das Nações Unidas apoiam a recomendação da Comissão Eleitoral Nacional da Líbia à Câmara dos Representantes e celebra seu compromisso com o processo eleitoral presidencial e parlamentar.
A ONU manifestou a sua disponibilidade para trabalhar com as instituições e buscar o apoio das diversas partes interessadas para enfrentar os desafios impostos e garantir a realização de eleições presidenciais e parlamentares o mais breve possível.
Crise
A votação em 24 de dezembro no país do norte da África estava prevista para ocorrer depois de uma década de combates surgidos após a queda do ex-líder líbio Muammar Kadhafi.
A crise culminou com confrontos entre duas administrações: uma com sede na capital, Trípoli, e outra no leste do país, em Bengazi, apoiada pela comunidade internacional.
As eleições fazem parte do roteiro político adotado no ano passado, após um cessar-fogo histórico entre as administrações rivais.
De acordo com agências de notícias, embora a Comissão Eleitoral tenha sugerido o adiamento em um mês, o parlamento pode buscar um prazo maior.
As negociações continuam entre os candidatos, as instituições políticas da Líbia e potências estrangeiras.
A análise dos veículos é que uma crise política poderia ampliar às disputas entre grupos armados rivais que se mobilizaram no oeste da Líbia nas últimas semanas, levando a novos combates dentro da capital.