FAO: mais 14 milhões sem acesso a alimentos diários na Europa e na Ásia Central
Dentre as causas estão pandemia e interrupções de fornecimento aos mercados e nas cadeias de abastecimento devido à crise de saúde; prevalência de baixo peso no nascimento manteve-se em cerca de 50 países.
Mais de 14 milhões de pessoas passaram a conviver com insegurança alimentar moderada ou grave nas regiões da Europa e Ásia Central por causa da pandemia.
A área conhecida por índices muito baixos de carência alimentar e subnutrição concentra agora 111 milhões de habitantes sem o suficiente para comer. O total corresponde a 11,9% da população regional.
Portugal
A crise agravada pela Covid-19 atingiu os níveis mais altos na Geórgia, com 39,7% dos cidadãos. Perto de 9,5% habitantes estão em situação mais severa de falta de alimentos.
Em Portugal, a prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave é de 11,5%, sendo mais acentuado em 3,2% da população.
O Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutrição na Europa e Ásia Central avalia ainda crianças acima do peso, que correspondem a 8,5% em Portugal.
A anemia em mulheres em idade reprodutiva afeta 13,3% dos portugueses.
Bálcãs
Em relação à anemia no grupo, a Europa não está progredindo: exceto por pequenas variações em alguns anos, a prevalência permaneceu entre 16% e 17,4% nos últimos 19 anos.
A avaliação destaca que embora a média de insegurança alimentar seja regional, as proporções nos Bálcãs Ocidentais, na Ásia Central e no Cáucaso são mais altas.
A FAO destaca que a situação vem juntar-se ao aumento do sobrepeso e da obesidade, em níveis bem acima da prevalência global.
Para a agência da ONU, os mais de 50 países da região têm de renovar seus compromissos para acabar com a fome e a desnutrição com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS.
Nas últimas duas décadas, os países da região da Europa e Ásia Central avançaram bastante no combate à desnutrição.
Pandemia
Com o consumo alimentar global insuficiente, subindo de 8,4% em 2019 para 9,9% em 2020, Europa e Ásia Central apresentaram, em média, índices abaixo de 2,5% por quase 20 anos.
As disparidades são menores na União Europeia, na Associação Europeia de Livre Comércio e entre os países da Comunidade de Estados Independentes, CEI.
Mas desde a pandemia, houve pequenos aumentos no Cáucaso, na Ásia Central e nos Bálcãs Ocidentais. A pandemia foi o fator impulsionador.
Para o diretor-regional da FAO, Vladimir Rakhmanin, os indicadores de segurança alimentar e nutricional na região, sub-região e países mudaram.
Ele destaca que com a “sombra da pandemia deve-se monitorar o progresso da região para alcançar os ODS”.
Globalmente, o ano 2020 fica na memória pelo surgimento da Covid-19 e da série de interrupções nos mercados, no comércio e nas cadeias de abastecimento de alimentos causados pela crise.
Em toda a região, nem os países de alta nem os de baixa renda reduziram substancialmente a prevalência de baixo peso ao nascimento.