Parceria da OMS com hospital dos EUA, St. Jude, beneficiará crianças com câncer
Iniciativa representa o maior compromisso para fornecer medicamentos a menores com a doença em países de baixa e média rendas; 400 mil crianças desenvolvem câncer anualmente e 25% perdem a vida.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, e o Hospital Infantil de Pesquisa St. Jude divulgaram planos, nesta segunda-feira, para formar uma plataforma de concessão de medicamentos a crianças com câncer no mundo.
É a primeira iniciativa do gênero que deve fornecer remédios, de forma ininterrupta, a pacientes mirins com a doença em nações pobres. O anúncio simultâneo ocorreu em Genebra, na Suíça, e em Memphis no Tennessee, sede do hospital.
Investimento
A Plataforma Global para Acesso das Crianças com Câncer a Medicamentos é resultado de um investimento anual do Hospital St. Jude, de US$ 200 milhões. Os remédios serão distribuídos gratuitamente, na primeira fase.
A OMS revela que o compromisso é o maior já realizado na área. Segundo o diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, quase 90% das crianças com câncer vivem em países de rendas baixa e média.
A taxa de sobrevivência é de menos de 30% se comparada a 80% de pacientes infantis em países de renda alta. Todos os anos, 400 mil crianças desenvolvem câncer. A maioria em países pobres e sem acesso a tratamento. A taxa de óbito é de 100 mil anualmente. A iniciativa também fornecerá medicamentos a quase 120 mil pessoas a partir do próximo ano e até 2027.
Inovação
A parceria deve assistir os países com a seleção dos remédios, padrões de tratamento e na construção de um sistema de informação que mapeie os cuidados fornecidos. A meta é fomentar a inovação.
O presidente do Hospital Infantil St. Jude, James R. Downing, disse que a entidade foi criada para avançar a pesquisa e tratamento do câncer em crianças e outras doenças pediátricas.
Há quase 60 anos, a entidade coopera com a OMS e outras organizações parceiras para expandir o apoio a crianças em todo o mundo. Uma pesquisa da OMS sobre Doenças Crônicas e a Capacidade dos Países, publicada no ano passado, revela que apenas 29% das nações de baixa renda notificaram ter medicamentos contra o câncer para suas populações. Em países de alta renda, esta taxa é de 96%.
Qualidade
O vice-presidente do Hospital St. Jude, o médico Carlos Rodriguez Galindo, lembrou que os fornecedores na área de saúde têm de garantir a qualidade confiável dos medicamentos, uma vez que muitas drogas falsas estão à disposição para venda.
O presidente da organização Childhood Cancer International, João Bragança, afirma que a doença não pode ser uma sentença de morte independentemente de onde a criança viva.
A OMS colocou à disposição US$ 15 milhões para criação da Iniciativa Global sobre Câncer na Infância, uma parceria que apoia mais de 50 governos a criarem programas de apoio a pacientes mirins com o objetivo de aumentar a taxa de sobrevivência em 60%.
A fase piloto da Plataforma Global servirá a 12 países. Até o fim de 2027, a estimativa é que 50 nações sejam beneficiadas com cuidado e tratamento para crianças que sofrem de câncer.