Centenas de parlamentares em 44 países sob ameaça em maior alta desde 2014
Relatório, divulgado pela União Interparlamentar, revela que instabilidade política é fator chave assim como brigas internas; Brasil, Paquistão, Iraque, Venezuela, Tunísia e Líbia entre os países com casos de violência contra deputados e senadores.
Pelo menos 673 parlamentares no mundo estão sob ameaça, a maioria dos casos ocorre em países afetados por instabilidade e divisões políticas internas. Os dados constam de um relatório da União Interparlamentar, UIP, divulgado à véspera do Dia dos Direitos Humanos.
Este é o maior número desde 2014, pela UIP que registra reclamações de abusos sofridos pelos políticos no exercício de sua função.
Afeganistão
Um dos casos recentes é a situação de deputadas no Afeganistão, que tiveram que fugir do país após o movimento talibã retomar o poder em Cabul, em 15 de agosto.
Muitos parlamentares no mundo são vítimas de maus tratos e até ameaças de morte. Se comparado ao ano anterior, 2021 registrou um aumento de 22% nesses casos.
Os dados mostram que a maioria das violações partiu de forças do governo com suspensão ou revogação do mandato parlamentar.
Violações à liberdade de expressão, ameaças, intimidações e falta de um julgamento justo são outros exemplos.
Nobel da Paz
Na última Assembleia da UIP, a 143, que ocorreu em Madri, na Espanha, o Conselho Diretor, que é o órgão deliberativo da União, aprovou uma série de decisões submetidas à Comissão sobre Direitos Humanos dos Parlamentares.
Os casos eram relacionados a 13 países incluindo Brasil, Paquistão, Iraque, Líbia entre outros. Após o golpe militar em Mianmar e a dissolução do Parlamento, em fevereiro, a UIP recebeu relatos de violações dos direitos humanos contra 55 parlamentares eleitos entre eles, a prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi e o deputado Win Myint, condenados a dois anos de prisão por “incitação e desrespeito às regras de contenção da pandemia”.
O relatório cita ainda os casos da Tunísia e da Venezuela, no segundo semestre deste ano.