Agência da ONU promete apoiar governos e parceiros na expansão da zona de comércio livre com maior inclusão; análise inclui Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tome e Príncipe.
As Nações Unidas publicaram um novo relatório destacando que em 17 dos 49 países africanos ocorreu um crescimento inclusivo.
O Relatório de Desenvolvimento Econômico em África 2021 revela que outras 14 nações carecem de inclusão. Houve ainda um acréscimo da desigualdade.
Lusófonos
Uma alta nos índices de pobreza e queda no crescimento inclusivo ocorreram em Angola. No país de língua portuguesa, no sul do continente, a pobreza aumentou.
Já Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe cresceram sem inclusão piorando assim a situação dos mais pobres.
No total, em 18 dos Estados monitorados, o crescimento levou à redução da pobreza, mas aumentou desigualdade, tal como em Moçambique.
A Conferência da ONU sobre o Comércio e Desenvolvimento, Unctad, lembra que nos anos 2000, houve um crescimento na África, mas sem melhorias para a maioria dos africanos. A diferença de renda entre ricos e pobres aumentou na região.
Riqueza
Cerca de 34% das famílias africanas vivem abaixo da linha de pobreza de US$ 1,90 por dia. E 40% da riqueza total pertencem a cerca de 0.1% da população do continente.
Na pandemia, e com as fronteiras fechadas, as desigualdades e vulnerabilidades de grupos marginalizados lançaram 37 milhões de africanos subsaarianos na extrema pobreza.
Um maior volume do comércio internacional, melhor eficiência, apoio à expansão de tecnologias e redistribuição da riqueza são algumas das sugestões da Unctad.
Exportações africanas
O comércio interafricano corresponde a 14,4% do total das exportações do continente.
O potencial inexplorado de exportação da África chega a US$ 21,9 bilhões, ou 43% das exportações dentro de economias africanas, com um adicional de US$ 9,2 bilhões com a liberalização tarifária parcial no âmbito do Zona de Livre Comércio Africana nos próximos cinco anos.
Dentre os lusófonos, e apesar de o potencial inexplorado na exportação variar muito, Cabo Verde estaria em mais vantagem com 86%.
O arquipélago estaria entre os maiores exportadores que mais beneficiariam da liberalização, juntamente com São Tomé e Príncipe.
O Relatório de Desenvolvimento Econômico em África 2021 considera essencial que haja cooperação de longo prazo em políticas de investimento e concorrência.
No documento, a secretária-geral da Unctad, Rebeca Gryspan, disse a agência apoiará os governos africanos e os parceiros de desenvolvimento para melhor alavancar a zona de livre comércio para combater a pobreza e a desigualdade e garantir ganhos mais inclusivos.