Crime organizado e pandemia causaram deslocamento de 1 milhão no México e na América Central BR

Alto-comissário da ONU para Refugiados termina visita região, pedindo criação de mecanismo focado na complexidade e magnitude da movimentação de pessoas; falta de oportunidades e atuação de gangues levam civis a deixarem suas casas.
Quase 1 milhão de pessoas já deixaram suas casas no México e em países da América Central devido a uma combinação de fatores, como falta de oportunidades, insegurança causada por gangues e pelo crime organizado, além dos efeitos da pandemia de Covid-19.
O alto-comissário da ONU para Refugiados concluiu, nesta quinta-feira, uma visita de 10 dias ao México, a El Salvador e à Guatemala. Filippo Grandi aproveitou para fazer um apelo: ele quer a criação de um mecanismo regional que ajude a coordenar programas, políticas e iniciativas focadas na mobilidade e para tratar da “a magnitude sem precedentes e da complexidade dos movimentos de pessoas”.
Grandi afirmou que “ao invés de se levantar muros para barrar pessoas”, é preciso “criar as condições necessárias para que esses civis não precisem abandonar suas casas”.
Migrantes e requerentes de asilo de países do Caribe estão cada vez mais transitando pela América Central. Segundo a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, mais de 100 mil homens, mulheres e crianças atravessaram da Colômbia para o Panamá pela floresta Darien neste ano.
No primeiro semestre, o México recebeu o terceiro maior número de pedidos de asilo do mundo. Grandi explica que além de serem países onde há trânsito de pessoas, cada vez mais os refugiados e migrantes estão buscando oportunidades no México e na Guatemala.
Enquanto esteve nos dois países, Grandi disse ter visto “muitos exemplos de generosidade e de esforços para tornar os refugiados parte da sociedade e da economia”.
O alto-comissário também teve a chance de conversar com refugiados que estão “muito contentes trabalhando, estudando e contribuindo para as comunidades que os acolheram”.
O Acnur continua atuando com governos e sociedade civil para reforçar os sistemas de acolhida no México, na Guatemala e em outros países da América Central, focando em alternativas migratórias para civis.
Segundo a agência, muitas das pessoas que deixaram suas casas devido à violência não cruzam fronteiras, mas acabam ficando em seus países.