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Agência da ONU quer mais ação para evitar milhões de mortes por Aids no mundo BR

Em todo o mundo, duas em cada cinco crianças vivendo com HIV não sabem de seu diagnóstico
UNAIDS
Em todo o mundo, duas em cada cinco crianças vivendo com HIV não sabem de seu diagnóstico

Agência da ONU quer mais ação para evitar milhões de mortes por Aids no mundo

Saúde

Unaids diz que mais investimentos e mudanças em leis e políticas nacionais podem evitar mais de 7,7 milhões de óbitos em 10 anos; novo estudo menciona Brasil e Moçambique por atuação em comunidades locais; este 1 de dezembro é o Dia Mundial de Combate à Aids.

O mundo pode registrar 7,7 milhões de mortes associadas à Aids na próxima década. A situação pode ocorrer se os líderes não conseguirem encarar as desigualdades no combate à doença. 

A falta de ações transformadoras das lideranças pode agravar a atual crise da Covid-19 e gerar incapacidade para se lidar com futuras pandemias, alerta o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids.

Prevenção, preparação e resposta

O alerta está no Relatório do Dia Mundial contra a Aids 2021 - “Desigual, despreparado, sob ameaça: por que é preciso ação ousada contra as desigualdades para acabar com a Aids, parar a Covid-19 e se preparar para futuras pandemias”.

O documento recomenda o investimento em infraestrutura, liderada e baseada na comunidade, para a prevenção, preparação e resposta. Ações comunitárias no Brasil e em Moçambique são citadas como modelos no novo estudo.

Cerca de 28,2 milhões de pessoas tiveram acesso ao tratamento do HIV até meados deste ano
Unicef/Jimmy Adriko
Cerca de 28,2 milhões de pessoas tiveram acesso ao tratamento do HIV até meados deste ano

 

Na favela de Paraisópolis, em São Paulo, por exemplo, líderes ajudam a monitorar a saúde e o bem-estar das famílias durante a pandemia enquanto voluntários treinados localmente divulgam métodos de prevenção e fornecem atendimento de emergência.

Meios essenciais chegam aos beneficiários locais do Projeto Balaio, do Instituto Cultural Barong.

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Diretora de projetos do instituto, Adriana Bertini falou da iniciativa apoiando profissionais das linhas de frente atuando junto a soropositivos durante a pandemia, entregando antirretrovirais, alimentos, artigos de higiene, combustível e assistência social estão entre os artigos recebidos.

Líderes 

Em Moçambique, graças à ação entre líderes locais e governamentais foram apoiados trabalhadores migrantes que retornaram ao país na crise com serviços de teste, entrega de comida na quarentena, além do rastreamento de contatos.

O Unaids revela que outras áreas merecem atenção dos países e são o foco em direitos humanos na resposta à pandemia. 

A agência quer urgência na execução de medidas acordadas para conter a doença, na Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral sobre a Aids. Essas atividades consideradas críticas, têm sido subfinanciadas e não estão sendo priorizadas. 

Entre as atividades ameaçadas estão o acesso equitativo a medicamentos, vacinas e tecnologias de saúde.

América Latina

Em 14 cidades da América Latina houve ações lideradas pela comunidade conectadas a outras organizações que permitiram partilhar informações, recursos e lições além de distribuir medicamentos antirretrovirais e contra a tuberculose.

A oferta de cuidados, o apoio dado em plataformas de mídia social e a comunicação pelo celular evitou que milhões de pacientes deixassem de receber tratamento na África, na Ásia, na América Latina e no Caribe durante a pandemia.

Mulher recebe medicamento para HIV para seu recém-nascido
Unicef/Frank Dejongh
Mulher recebe medicamento para HIV para seu recém-nascido

 

Apesar de atrasos em projetos, cerca de 28,2 milhões de pessoas tiveram acesso ao tratamento do HIV até meados deste ano, contra 7,8 milhões em 2010.

O relatório destaca que a cooperação ou parceria entre autoridades estaduais, geralmente em nível municipal ou local, lembra a importância da parceria nesse campo e da combinação de recursos e capacidades.

Caminho certo

A diretora executiva do Unaids realça que é momento de um apelo urgente à ação. 

Winnie Byanyima destaca que se os avanços contra a Aids já estavam fora dos trilhos, agora a pressão é ainda maior à medida que a crise do Covid-19 continua se intensificando e “a interromper serviços de prevenção e tratamento do HIV, escolaridade, programas de prevenção da violência e muito mais”.

Para ela, o mundo não pode ser forçado a optar entre acabar com a pandemia de Aids hoje e se preparar para as pandemias do futuro, destacando que ambos os passos devem ser dados. 

Byanyima confirmou o apelo de líderes em saúde global por maiores investimentos e mudanças nas leis e políticas para acabar com desigualdades que aumentam a Aids e outras pandemias.