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Unctad: recuperação econômica sofre com taxas mais altas para frete marítimo BR

Houve restrição na oferta, incluindo a escassez de contêineres e mão-de-obra, agravada pelas restrições causadas pela pandemia nas regiões portuárias, e congestionamento nos portos
Suez Canal Authority
Houve restrição na oferta, incluindo a escassez de contêineres e mão-de-obra, agravada pelas restrições causadas pela pandemia nas regiões portuárias, e congestionamento nos portos

Unctad: recuperação econômica sofre com taxas mais altas para frete marítimo

Desenvolvimento econômico

Mudança de hábitos de consumo e queda na oferta impulsionaram a subida, segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad; países insulares e em desenvolvimento, mais dependentes de importações, devem sofrer mais; agência recomenda melhorias na infraestrutura marítima.

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, publicou um relatório afirmando que a recuperação da economia global pode estar ameaçada pelas altas taxas do frete.

A análise revela que a tendência de alta deve continuar nos próximos meses e mostra que os efeitos nos preços de importação globais podem chegar a 11%. O repasse ao consumidor pode ser de 1,5% até 2023.

MI  apela aos governos que definam políticas que levem a um tratamento justo nos portos
OMI//Pankaj Gautham
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Atraso

De acordo com a secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan, a subida nas taxas impactará o comércio e prejudicará a recuperação socioeconômica, especialmente nos países em desenvolvimento.

Segundo ela, para retornar aos patamares anteriores será necessário investir em novas soluções, incluindo infraestrutura, digitalização e medidas de facilitação do comércio.

O estudo destaca que a mudança no comportamento de consumo durante o segundo semestre de 2020, puxada pela pandemia, aumentou a demanda por bens e gerou uma sobrecarga na cadeia de suprimentos.

Ao mesmo tempo, houve uma restrição na oferta, incluindo a escassez de contêineres e mão-de-obra, agravada pelas restrições causadas pela pandemia nas regiões portuárias, e congestionamento nos portos.

O desequilíbrio entre o aumento da demanda e a redução da capacidade de fornecimento levou a taxas recordes de frete em praticamente todas as rotas marítimas. Ligações importantes, como Xangai, na China, e os principais portos europeus, quadruplicaram de preço em 2020 e tiveram alta de sete vezes em julho deste ano.

Forte estratégia de investimento apoiada pelo governo do Brasil desenvolveu portos e infraestrutura de transporte.
Divulgação / Prefeitura de Santos
Forte estratégia de investimento apoiada pelo governo do Brasil desenvolveu portos e infraestrutura de transporte.

Impactos

Segundo o relatório, países insulares em desenvolvimento e outros menos desenvolvidos serão os principais impactados, já que consumo e a produção dependem fortemente do comércio internacional.

Nessas nações, as importações devem aumentar em 24% e os preços ao consumidor, 7,5%. Nas menos desenvolvidas, o repasse pode chegar a 2,2%.

As altas taxas também estão causando escassez de bens de consumo importados da Ásia, como móveis, bicicletas, artigos esportivos e brinquedos, em países europeus.

A iniciativa está de acordo com o Plano de Ação da OMI  para lidar com o lixo plástico marinho dos navios.
Ocean Cleanup/Pierre Augier
A iniciativa está de acordo com o Plano de Ação da OMI para lidar com o lixo plástico marinho dos navios.

Soluções

A Unctad pede que os Estados considerem um pacote de medidas para reverem serviços e infraestruturas. O estudo aponta que melhorar a qualidade da infraestrutura portuária reduziria os custos médios globais de transporte marítimo em 4,1%. 

O estudo recomenda que os governos monitorem os mercados para garantir um ambiente comercial justo, transparente e competitivo e sugere mais compartilhamento de dados e colaboração na cadeia de abastecimento marítimo.

O relatório também enfatiza a necessidade da diversificação de economias menores, passando a produtos de maior valor agregado para serem mais resistentes a crises.

Na conclusão a Unctad lembra que a capacidade de abastecimento marítimo também deve ser afetada pela transição da indústria para alternativas que zerem as emissões de carbono.