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ONU condena assassinato de manifestantes pacíficos no Sudão BR

Segundo Bachelet, foram pelo menos 39 assassinatos desde 25 de outubro quando os militares tomaram o poder em Cartum
Foto: UNOG
Segundo Bachelet, foram pelo menos 39 assassinatos desde 25 de outubro quando os militares tomaram o poder em Cartum

ONU condena assassinato de manifestantes pacíficos no Sudão

Direitos humanos

Em comunicado, alta comissária para Direitos Humanos repudiou a morte de pelo menos 39 pessoas por forças de segurança no país africano desde o golpe militar de 25 de outubro.

Atirar contra uma multidão de manifestantes desarmados causando dezenas de mortes e muito mais feridos é um ato deplorável e que caracteriza violação da lei internacional de direitos humanos. 

Foi assim que a alta comissária da ONU, Michelle Bachelet, descreveu o assassinato de pessoas que participavam de protestos de rua no Sudão contra o golpe militar no país.

Manifesantes durante protestos emm 2019 na capital do Sudão, Cartum
ONU Sudão/Ayman Suliman
Manifesantes durante protestos emm 2019 na capital do Sudão, Cartum

Gás lacrimogêneo

Segundo Bachelet, foram pelo menos 39 assassinatos desde 25 de outubro quando os militares tomaram o poder em Cartum. A chefe dos Direitos Humanos afirmou que é vergonhoso que apesar do apelo para que os militares não usassem de violência, armas de fogo continuaram sendo usadas, e os manifestantes seguiram sendo agredidos e mortos.

Segundo fontes médicas, mais de 100 pessoas ficaram feridas nos protestos de terça-feira, 80 com ferimentos a bala na parte superior do corpo e na cabeça. Também foi feito uso de gás lacrimogêneo, as prisões ocorreram antes e depois dos protestos. Num comunicado, a polícia informou que 89 agentes também ficaram feridos.

Assentamentos no Sudão estão ficando lotados e com falta de condições
PMA/Leni Kinzli
Assentamentos no Sudão estão ficando lotados e com falta de condições

Internet

No início da tarde de terça-feira, o governo suspendeu todos os serviços de celular no país após ter cortado a internet. Com isso, o Sudão ficou isolado do mundo. Apenas links de satélite funcionavam.

Michelle Bachelet lembrou que quando não existe linha telefônica, ninguém pode chamar uma ambulância para obter socorro, os hospitais ficam sem acesso aos médicos à medida que as emergências estão lotadas. Ela afirmou que esta é uma outra violação de princípios básicos e contravenção da lei internacional.

Manifestantes na capital do Sudão, Cartum, durante protestos em 2019.
Foto: UN Sudan/Ayman Suliman
Manifestantes na capital do Sudão, Cartum, durante protestos em 2019.

Jornalistas

Desde o golpe de Estado, jornalistas críticos ao regime estão sendo atacados, presos sem razão, e tendo suas casas e escritórios invadidos pela polícia. A alta comissária da ONU teme que esta situação leve a uma autocensura por parte dos profissionais da imprensa e da mídia, deixando os sudaneses ainda mais desinformados. 

Bachelet pediu a libertação imediata de todos que foram presos por exercerem seu direito à liberdade de expressão e opinião, além de reunião pacífica.
Ela disse que os autores desta supressão e violência serão responsabilizados.