Crianças morrem após encontrarem explosivo de guerra no Afeganistão BR

Unicef informa que nove pessoas da mesma família perderam a vida após objeto ser detonado; criança levou explosivo para casa sem saber o que era; trabalhadores humanitários estão em corrida contra o tempo para auxiliar civis afegãos.
A violência no Afeganistão continua matando muitos civis. Nesta quinta-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, denunciou a morte de seis crianças quando um explosivo de guerra foi detonado dentro de uma casa em Kunduz.
Nove integrantes da mesma família, incluindo quatro meninas e dois meninos, perderam a vida com a explosão e outras três menores ficaram feridos. Segundo o Unicef, um deles levou o explosivo para casa, sem nem saber o que era, após encontrar o objeto numa área próxima.
A agência da ONU destaca que o incidente mostra o quanto é urgente limpar das áreas os explosivos que restaram das guerras e conversar com as comunidades sobre os riscos dos objetos. O Unicef destaca que mais de 460 crianças morreram no Afeganistão somente no primeiro semestre deste ano devido ao conflito.
Na capital Cabul, o diretor-geral da Organização Internacional para Migrações, OIM, acaba de terminar uma visita oficial e afirma que deixa o país “muito impressionado” com o que viu.
António Vitorino destacou a resiliência do povo afegão e o empenho dos trabalhadores humanitários. Segundo ele, o país continua caminhando para um colapso, devido ao conflito, à insegurança, à seca, à pandemia de Covid-19 e à pobreza, exacerbada pela crise econômica.
Vitorino está bastante preocupado com o futuro do país, com a aproximação de um inverno severo e o grande risco de piora da situação humanitária. O chefe da OIM prevê que o frio extremo cause mais deslocamentos e sofrimento – as temperaturas no país chegam a 25 graus negativos durante a estação.
O Afeganistão tem 5,5 milhões de deslocados internos, o equivalente a toda a população da Finlândia. Somente neste ano, 670 mil habitantes precisaram abandonar suas casas, sendo que metade eram crianças.
António Vitorino afirma que os trabalhadores humanitários estão numa “corrida contra o tempo” para ajudar a população a se preparar para o inverno. As equipes da OIM estão batendo de porta a porta para conferir o que as famílias precisam e fornecendo cobertores, roupas para o frio e ajuda em dinheiro para combustível e aquecimento. A meta é beneficiar 200 mil pessoas.
A violência continua sendo realidade também na capital Cabul: na terça-feira, um hospital foi alvo de um ataque terrorista e dezenas de pessoas ficaram mortas ou feridas.
Segundo o Conselho de Segurança, o ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico da Província de Khorasan, uma entidade afiliada ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil/Daesh.
Em nota, o órgão expressa solidariedade com as famílias das vítimas e reafirma que “o terrorismo é uma das mais sérias ameaças à paz e a segurança internacional”.
O Conselho de Segurança destaca que ter como alvos hospitais e equipe médica é “abominável e deve ser condenado”.
O órgão pede que os responsáveis pelo ataque, inclusive os patrocinadores, sejam levados à justiça e reitera o papel de todos os países em cooperarem de forma ativa com as autoridades para que isso aconteça.
O Conselho de Segurança lembra que “qualquer ação terrorista é criminosa e injustificável, independente das motivações e por quem tenha sido cometida”.