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Crianças morrem após encontrarem explosivo de guerra no Afeganistão BR

Explosivos que restaram de guerras são comuns em países como Líbano (foto) e Afeganistãot
Foto: Giovanni Diffidenti
Explosivos que restaram de guerras são comuns em países como Líbano (foto) e Afeganistãot

Crianças morrem após encontrarem explosivo de guerra no Afeganistão

Paz e segurança

Unicef informa que nove pessoas da mesma família perderam a vida após objeto ser detonado; criança levou explosivo para casa sem saber o que era; trabalhadores humanitários estão em corrida contra o tempo para auxiliar civis afegãos.  

A violência no Afeganistão continua matando muitos civis. Nesta quinta-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, denunciou a morte de seis crianças quando um explosivo de guerra foi detonado dentro de uma casa em Kunduz.  

Nove integrantes da mesma família, incluindo quatro meninas e dois meninos, perderam a vida com a explosão e outras três menores ficaram feridos. Segundo o Unicef, um deles levou o explosivo para casa, sem nem saber o que era, após encontrar o objeto numa área próxima.  

Trabalho de conscientização  

Cerca de 25% de 1 milhão de afegãos forçados a fugir desde maio são mulheres e crianças
© Unicef Afeganistão
Cerca de 25% de 1 milhão de afegãos forçados a fugir desde maio são mulheres e crianças

A agência da ONU destaca que o incidente mostra o quanto é urgente limpar das áreas os explosivos que restaram das guerras e conversar com as comunidades sobre os riscos dos objetos. O Unicef destaca que mais de 460 crianças morreram no Afeganistão somente no primeiro semestre deste ano devido ao conflito.

Na capital Cabul, o diretor-geral da Organização Internacional para Migrações, OIM, acaba de terminar uma visita oficial e afirma que deixa o país “muito impressionado” com o que viu. 

António Vitorino destacou a resiliência do povo afegão e o empenho dos trabalhadores humanitários. Segundo ele, o país continua caminhando para um colapso, devido ao conflito, à insegurança, à seca, à pandemia de Covid-19 e à pobreza, exacerbada pela crise econômica.  

Milhares abandonaram as casas  

Meninas de até 20 meses de idade estão sendo oferecidas pelos pais para casamento no Afeganistão
Unsplash/Joel Heard
Meninas de até 20 meses de idade estão sendo oferecidas pelos pais para casamento no Afeganistão

Vitorino está bastante preocupado com o futuro do país, com a aproximação de um inverno severo e o grande risco de piora da situação humanitária. O chefe da OIM prevê que o frio extremo cause mais deslocamentos e sofrimento – as temperaturas no país chegam a 25 graus negativos durante a estação.  

O Afeganistão tem 5,5 milhões de deslocados internos, o equivalente a toda a população da Finlândia. Somente neste ano, 670 mil habitantes precisaram abandonar suas casas, sendo que metade eram crianças.  

Ataque terrorista  

 Refugiados afegãos, que tomaram a difícil decisão de regressar voluntariamente ao Afeganistão.
Foto: Acnur/Andrew McConnell
Refugiados afegãos, que tomaram a difícil decisão de regressar voluntariamente ao Afeganistão.

António Vitorino afirma que os trabalhadores humanitários estão numa “corrida contra o tempo” para ajudar a população a se preparar para o inverno. As equipes da OIM estão batendo de porta a porta para conferir o que as famílias precisam e fornecendo cobertores, roupas para o frio e ajuda em dinheiro para combustível e aquecimento. A meta é beneficiar 200 mil pessoas.  

A violência continua sendo realidade também na capital Cabul: na terça-feira, um hospital foi alvo de um ataque terrorista e dezenas de pessoas ficaram mortas ou feridas.

Segundo o Conselho de Segurança, o ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico da Província de Khorasan, uma entidade afiliada ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil/Daesh.  

Cooperação internacional  

Em nota, o órgão expressa solidariedade com as famílias das vítimas e reafirma que “o terrorismo é uma das mais sérias ameaças à paz e a segurança internacional”.  

O Conselho de Segurança destaca que ter como alvos hospitais e equipe médica é “abominável e deve ser condenado”.  

O órgão pede que os responsáveis pelo ataque, inclusive os patrocinadores, sejam levados à justiça e reitera o papel de todos os países em cooperarem de forma ativa com as autoridades para que isso aconteça.  

O Conselho de Segurança lembra que “qualquer ação terrorista é criminosa e injustificável, independente das motivações e por quem tenha sido cometida”.