Países mais vulneráveis são os mais empenhados em combater a mudança do clima BR

Novo relatório do Pnud lançado às vésperas da COP26 revela que 93% das nações menos desenvolvidas já apresentaram melhorias nos seus planos nacionais; quase metade das economias do G-20 não aderiram aos princípios do Acordo de Paris.
Os países mais vulneráveis estão avançando nas iniciativas de combate à mudança climática, ao contrário dos maiores emissores de gases.
Um novo levantamento do Programa da ONU para o Desenvolvimento, Pnud, lançado esta quinta-feira, revela que 93% das economias menos desenvolvidas e das Pequenas Ilhas em Desenvolvimento já apresentaram compromissos nacionais mais aprimorados sobre as questões climáticas.
Por outro lado, várias nações do G-20 ainda não aderiram aos princípios do Acordo de Paris nem avançaram com suas ambições climáticas.
O Pnud lembra que como países responsáveis por mais de três quartos das emissões de gases de efeito estufa, as 20 maiores economias mundo tem um papel enorme para combater a crise climática.
Três nações do G-20 acabaram de submeter novos compromissos, passando a data limite estipulada, 12 de outubro, para incluir as novas metas no documento da Convenção da ONU sobre Mudança Climática, Unfccc, a ser apresentado na COP26.
Além disso, das 18 Contribuições Nacionalmente Determinadas, NDCs, apresentadas pelos membros do G-20, muitas evitam metas de longo prazo e não apresentam ambições significativas para ajudar a reverter a trajetória de alta das atuais emissões de gases de efeito estufa.
O documento do Pnud “O Estado da Ambição Climática” está sendo lançado às vésperas da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, COP26, que começa neste domingo, em Glasgow, na Escócia.
O relatório mostra que países vulneráveis, onde vivem as pessoas mais pobres do mundo, e geralmente as mais impactadas pela mudança climática, continuam bastante comprometidos com ações para mudar a situação.
Até 12 de outubro, 93% tinham submetido propostas melhoradas de NDCs, sendo que as nações menos desenvolvidas e os Estados-Ilha em desenvolvimento são responsáveis por apenas 7% das emissões globais de gases de efeito estufa.
O diretor-executivo do Pnud, Achim Steiner, declarou “que os dados mostram que os países em desenvolvimento estão liderando o caminho para ação climática”. Steiner também afirmou que a “COP26 precisa ser o momento onde todas as nações enfrentem o desafio da mudança climática, especialmente os maiores emissores”.
O chefe do Pnud destacou que a janela para limitar o aquecimento global a 1,5° Celsius está fechando, por isso a COP26 “é o único caminho para garantir o futuro das pessoas e do planeta”.
O documento lista uma série de iniciativas promissoras de alguns países. O Chile, por exemplo, tem uma estratégia financeira para conseguir as transformações necessárias em todos os setores, o que poderá levar à neutralidade de carbono até 2050.
O Pnud destaca ainda o Iraque, que já ampliou sua ambição, aumentando o engajamento sobre o tema no mais alto nível político. A Macedônia do Norte já se comprometeu a reduzir em 82% suas emissões de gases de efeito estufa, na comparação com níveis pré-industriais.
Na África, o destaque vai para o Zimbábue, onde investimentos na conservação agrícola poderão criar 30 mil postos de trabalho para cada US$ 1 milhão investidos. Com isso, o país poderá aumentar suas ambições climáticas e reduzir as emissões em 40%.