ONU busca comprometimento e investimentos para conter mudança climática BR

Sessão na Assembleia Geral debate pauta climática com líderes mundiais; chefe da ONU destaca que fundos necessários ainda não foram atingidos; presidente da Assembleia Geral e anfitrião do evento reforçou que alterações no clima são a principal ameaça global.
A Assembleia Geral das Nações Unidas se reúne nesta terça-feira para dar foco apenas a um assunto: o clima.
Convocado pelo presidente Abdulla Shahid, o encontro reuniu líderes para abordar as ações necessárias para atingir as metas contra o aquecimento global.
Reconhecendo o impacto que a pandemia de Covid-19 causou em todo o mundo, Shahid afirmou que as mudanças climáticas continuam sendo a maior ameaça global e devem permanecer como prioridade.
Ele destacou que não há como negar que a pandemia consumiu recursos que poderiam ter sido usados para ações climáticas. Mas lembrou que o mundo tem pela frente uma das maiores e potencialmente mais transformacionais recuperações que o mundo já empreendeu. Por isso, ele pediu que se certifique de que todos os fundos de recuperação são amigáveis ao clima e todo estímulo de recuperação é “verde e azul”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, seguiu reforçando que a humanidade está em ‘alerta máximo’ e observa as consequências das mudanças climáticas, como o aumento de mortes por poluição, perda de biodiversidade e catástrofes causadas pela subida da temperatura.
O líder das Nações Unidas destacou que as ações implementadas até agora não serão suficientes para frear o aquecimento e alcançar a meta de definida pelo Acordo de Paris em 1,5 grau Celsius.
Ao observar que a estimativa é que a temperatura suba em 2,7 graus Celsius, ele afirmou que é “inteiramente possível” evitar esse cenário e atingir os objetivos traçados para um mundo mais sustentável.
António Guterres também lembrou que os líderes mundiais se encontram nos próximos dias em Glasgow, no Reino Unido, para a COP-26, e que principalmente os países do G20 precisam cumprir as metas antes que seja “tarde demais”.
O chefe da ONU disse que já passou o tempo das sutilezas diplomáticas. Para ele, se os governos - especialmente os do G20 - não se levantarem e liderarem esse esforço, o mundo seguirá a direção para o terrível sofrimento humano.
Para Guterres, todos os países precisam perceber que “o velho modelo de desenvolvimento com queima de carbono é uma sentença de morte” para suas economias e o planeta.
“Just as the world looked to the UN to avoid any future world wars, to reconcile differences, to recover from the ashes of that dark period, they look to us now to harmonize our relationship with the natural world.”Let’s #Deliver4ClimateMy Statement: https://t.co/SnLfFTkulC pic.twitter.com/ScqCtIxXsL
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O secretário-geral listou as principais ações para reverter o cenário como a descarbonização em todos os setores e a transferência de subsídios de combustíveis fósseis para energia renovável.
O chefe das Nações Unidas também lembrou do compromisso de eliminar o carvão até 2030 nos países integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Ocde, e até 2040 em todos os outros.
Ele apelou para o apoio de bancos de desenvolvimento públicos e multilaterais em aumentarem seus portfólios climáticos e redobrarem esforços no auxílio climático para a adaptação e resiliência.
Guterres reforçou que o mundo desenvolvido deve cumprir urgentemente seu compromisso com pelo menos US$ 100 bilhões em financiamento para ações climáticas nos países em desenvolvimento.
Os dois representantes destacaram a necessidade de compromissos financeiros para as ações climáticas. Mas Abdulla Shahid afirmou que o foco deveria ser sobre os planos para alcançar o investimento necessário.
Ele pediu que os esforços tenham como objetivo ir além do prometido, garantindo pelo menos US$ 1 trilhão em apoio aos países em desenvolvimento até 2030.
Também alinhado com a agenda da presidência, ele concluiu o discurso lembrando que mulheres e meninas são “desproporcionalmente impactadas pelas mudanças climáticas”, embora sejam sub-representadas na linha de frente das negociações climáticas.
Segundo dados apresentados pelo presidente da Assembleia Geral, as mulheres representam menos de 30% dos pesquisadores de clima e biodiversidade e representam apenas 38% das delegações ambientais nacionais.