“Guerra contra o povo sírio continua inabalável”, afirma presidente de comissão
Especialista disse à Assembleia Geral que país não é seguro e não recomenda o retorno de refugiados; brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro afirma que organizações terroristas não estão mais respeitando o cessar-fogo; mais de 40 mil crianças estão em campos de refugiados
O presidente da Comissão de Inquérito da ONU na Síria, Paulo Pinheiro, alertou a comunidade internacional que os conflitos no país seguem ameaçando a população.
Falando na Assembleia Geral, ele reforçou que a Síria não está em segurança e não é o momento para o retorno de refugiados. Pinheiro acrescentou que eles estão observando “um aumento da luta e da violência”.
Cessar-fogo
No relato, o representante do grupo de especialistas afirmou que a calmaria nas hostilidades no noroeste da Síria, impulsionada pelo cessar-fogo de março de 2020, está se desfazendo.
Pinheiro afirma que instalações médicas, mercados e áreas residenciais foram atingidos por ataques aéreos e terrestres. A organização terrorista Hay'at Tahrir al-Sham continua a abusar dos direitos com impunidade, incluindo a detenção arbitrária de ativistas da mídia e jornalistas, incluindo mulheres.
Partes do sudoeste da Síria também experimentaram o retorno de táticas de combate e de cerco não vistas desde antes de 2018. Em Dar'a Al-Balad, milhares de civis ficaram sem acesso a alimentos ou cuidados de saúde até o último mês, levando muitos a deixarem o país.
Há também relatos de explosões na região de Alepo e prisões e torturas por parte do Exército Nacional Sírio, ligado à oposição.
Campos de refugiados
A Comissão também chamou a atenção para a situação de até 40 mil crianças em Al Hawl e em outros campos de desabrigados transformados em detenção no nordeste da Síria, aonde foram ilegalmente privados de sua liberdade por vários anos.
De acordo com Pinheiro, a maioria tem menos de 12 anos, quase metade são iraquianos e cerca de 7,8 mil vêm de quase 60 outros países.
Ele afirma que as crianças são as principais vítimas e precisam de proteção, educação e uma “infância de verdade”.
Abordando uma das maiores agonias que os sírios enfrentam, a Comissão lembrou à Assembleia Geral que centenas de milhares de sírios acordam todas as manhãs, preocupados com o destino e o paradeiro de entes queridos desaparecidos.
O presidente da Comissão da ONU para Síria concluiu pedindo mais ação dos Estados-membros no país.