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Cresce o número de empresárias africanas apostando em inovação, afirma Unesco BR

Estudo da Unesco revela que uma em cada quatro empresárias africanas criou negócios inovadores
Ian Kiragu on Unsplash
Estudo da Unesco revela que uma em cada quatro empresárias africanas criou negócios inovadores

Cresce o número de empresárias africanas apostando em inovação, afirma Unesco

Mulheres

Agência das Nações Unidas analisou 10 mulheres de países africanos; investimentos e capacitação são citados como as maiores dificuldades do grupo no continente; empreender foi opção própria para maioria das entrevistadas. 

Um novo estudo da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, revela que aproximadamente uma em cada quatro empresárias africanas criou negócios inovadores. 

A pesquisa analisou mais de 420 mulheres em 10 países da África, incluindo Moçambique. Entre as inovadoras, oito criaram aplicativos para celular sozinhas ou em parceria e 17 patentearam sua invenção.  

Auxílio financeiro e treinamento são principais barreiras
IGSNRR
Auxílio financeiro e treinamento são principais barreiras

Barreiras 

A empresária Jessica Manhiça é fundadora da iniciativa Ideário, que leva treinamento digital para mulheres moçambicanas.  

Ela destaca que muitas não possuem acesso a computadores e celulares, disparidade confirmada por números divulgados pela ICT Research Africa. Os dados revelam que apenas 6,8% das mulheres usam internet no país. 

Em entrevista à ONU News, de Maputo, a moçambicana ressaltou que seu centro de inovação busca diminuir essas lacunas e facilitar a inserção de mulheres no mercado de tecnologia. 

“Sofri na primeira pessoa algumas das dificuldades – algumas não, muitas – que existem para mulheres no ambiente de tech e no ambiente profissional também. Fez muito sentido trabalhar com meninas que tinham aspirações profissionais também nessa área” 

Durante pandemia de Covid-19, crianças tiveram de ter aulas usando internet
Pnud Uruguai/Pablo La Rosa
Durante pandemia de Covid-19, crianças tiveram de ter aulas usando internet

Outra dificuldade considerada por Jéssica são os poucos investimentos específicos para que mulheres tenham espaço no setor.  

“Uma das limitações que eu vivenciei foi a falta de recurso e recursos didáticos, com foco na mulher quando se trata de digitalização e treinos vocacionais. Temos que ter em conta que por mais que estamos em uma sociedade que está lutando para desenvolver, o trabalho a ser feito para atingir ou superar essas limitações tem de ter um especial foco na rapariga” 

O testemunho da empresária é confirmado pelo estudo da Unesco, que revela que 70% das mulheres entrevistadas citaram o mesmo obstáculo.  

Quando questionadas sobre o apoio que elas mais gostariam de obter do governo ou de seus parceiros em potencial, o auxílio financeiro ficou atrás apenas do treinamento. 

Das 125 mulheres que especificaram que seu financiamento inicial não vinha de investidores, metade tinha obtido um empréstimo bancário e um terço tinha utilizado fundos próprios ou de familiares ou amigos íntimos. 

Empreender como opção 

A publicação da Unesco destaca que 90% das mulheres que são donas de empresas nos países estudados são encorajadas por outras histórias de sucesso e não por falta de alternativas no continente. A agência ressalta que o resultado contradiz uma preconcepção equívoca. 

Outro achado da pesquisa é que uma em cada 10 mulheres considerou os avanços em igualdade e na inclusão essenciais para a próxima geração de empresárias. Citando uma entrevistada, ao ser questionada por que ela começou seu próprio negócio, sua resposta foi “para minha filha”.