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Conselho de Segurança debate paz e desenvolvimento dos Grandes Lagos BR

Representante angolano também comentou sobre a República Centro-Africana e Congo
UN Photo/Michael Ali
Representante angolano também comentou sobre a República Centro-Africana e Congo

Conselho de Segurança debate paz e desenvolvimento dos Grandes Lagos

Paz e segurança

Angola segue processos na frente da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos; ONU ressalta que cerca de 15 milhões de pessoas vivem como deslocadas na área africana com desafios políticos e de segurança.

O Conselho de Segurança realiza nesta quarta-feira o debate de alto nível com o tema “Apoiar o compromisso renovado dos países da região dos Grandes Lagos para promover a paz e o desenvolvimento.”

 

Entre os tópicos mais importantes na região africana está a declaração unilateral de cessar-fogo, em vigor desde sexta-feira. A trégua foi anunciada pelo presidente da República Centro-Africana, Faustin Archange Touadéra.

Angola

As Nações Unidas elogiaram a medida como passo crítico, que está alinhado ao Roteiro Conjunto para a Paz adotado pela Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, sob liderança angolana.

ONU News
Angola destaca busca de paz nos Grandes Lagos

 

Angola intervém no debate pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António. Antes de discursar no evento, o chefe da diplomacia angolana declarou que a abordagem internacional tem sido positiva, reconhecendo os esforços que incluem os de Angola.

“A reunião é convocada para reconhecer os esforços feitos pelos Estados-membros na região Grandes Lagos. É já uma abordagem que nos satisfaz, porque geralmente quando se fala dos Grandes Lagos, fala-se numa abordagem negativa, que é uma zona desesperada ou de conflitos. Mas desta vez fala-se do que está a mudar na região dos Grandes Lagos. Eu penso que nós, como Angola, temos dado a nossa pequena contribuição para o efeito, e estamos muito satisfeitos em estar aqui, aqui para vermos esse aspecto e ver o que fazer”.

O representante angolano também comentou sobre a República Centro-Africana e Congo.

Conselho de Segurança debate paz e desenvolvimento dos Grandes Lagos
UN Photo/Eskinder Debebe
Conselho de Segurança debate paz e desenvolvimento dos Grandes Lagos

 

“É quase impossível não falarmos desses dois países. O Congo, primeiro é o centro, é o sinônimo dos Grandes Lagos e a RCA é um país onde a República de Angola temos trabalhado em colaboração com os centro-africanos para levar a paz, apesar dos problemas falar desses dois países”, afirma.

Participam no debate altos representantes do Departamento dos Assuntos Políticos e de Consolidação das Operações de Paz, o enviado especial do secretário-geral para a Região dos Grandes Lagos, Huang Xia, e o secretário-executivo da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, João Caholo.

O mais recente relatório do secretário-geral sobre a região destaca que cerca de 15 milhões de pessoas permanecem deslocadas e ressalta desafios políticos, como relações bilaterais e cooperação.

Crianças em Kivu Norte, na RD Congo.
Foto: © UNICEF/Olivia Acland
Crianças em Kivu Norte, na RD Congo.

Oportunidade

O momento atual é visto como uma oportunidade para que os países façam progressos na promoção da paz e do desenvolvimento.

Além da situação centro-africana, os Grandes Lagos acompanham a crise causada por grupos armados que operam no leste da RD Congo.

O relatório da ONU destaca “graves violações dos direitos humanos e o uso da violência sexual e de gênero como arma de guerra”. Até finais de agosto, pelo menos 178 casos de violência sexual relacionada ao conflito foram registrados.

Sobre a situação da segurança na região, o destaque vai para as condições ao longo das fronteiras comuns. Apesar de relativa estabilidade, a situação de segurança no leste da RD Congo piorou devido às atividades de grupos armados.

Um Grupo de Contato e Coordenação começou a operar em maio com representantes dos serviços de inteligência e segurança de países que fazem fronteira com áreas afetadas por conflitos na região.

Uma outra proposta do general Affonso da Costa na RD Congo é promover mais participação de mulheres nas forças de paz
Monusco/Kevin Jordan
Uma outra proposta do general Affonso da Costa na RD Congo é promover mais participação de mulheres nas forças de paz

Conflitos

A instituição endossou um plano de ação incluindo “o desarmamento e a repatriação de forças negativas, a interrupção do fornecimento de armas, combatentes e financiamento”

A estratégia regional também prevê que sejam fortalecidos “os programas nacionais de desarmamento, desmobilização e reintegração além do reforço da cooperação econômica transfronteiriça”.

Para a ONU, “a situação humanitária e de direitos humanos na região também carece de uma solução duradoura para o deslocamento forçado e o retorno voluntário de refugiados.

Neste campo, a entidade regional colabora com a Agência das Nações Unidas para Refugiados.