Conselho de Segurança debate paz e desenvolvimento dos Grandes Lagos BR

Angola segue processos na frente da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos; ONU ressalta que cerca de 15 milhões de pessoas vivem como deslocadas na área africana com desafios políticos e de segurança.
O Conselho de Segurança realiza nesta quarta-feira o debate de alto nível com o tema “Apoiar o compromisso renovado dos países da região dos Grandes Lagos para promover a paz e o desenvolvimento.”
Entre os tópicos mais importantes na região africana está a declaração unilateral de cessar-fogo, em vigor desde sexta-feira. A trégua foi anunciada pelo presidente da República Centro-Africana, Faustin Archange Touadéra.
As Nações Unidas elogiaram a medida como passo crítico, que está alinhado ao Roteiro Conjunto para a Paz adotado pela Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, sob liderança angolana.
Angola intervém no debate pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António. Antes de discursar no evento, o chefe da diplomacia angolana declarou que a abordagem internacional tem sido positiva, reconhecendo os esforços que incluem os de Angola.
“A reunião é convocada para reconhecer os esforços feitos pelos Estados-membros na região Grandes Lagos. É já uma abordagem que nos satisfaz, porque geralmente quando se fala dos Grandes Lagos, fala-se numa abordagem negativa, que é uma zona desesperada ou de conflitos. Mas desta vez fala-se do que está a mudar na região dos Grandes Lagos. Eu penso que nós, como Angola, temos dado a nossa pequena contribuição para o efeito, e estamos muito satisfeitos em estar aqui, aqui para vermos esse aspecto e ver o que fazer”.
O representante angolano também comentou sobre a República Centro-Africana e Congo.
“É quase impossível não falarmos desses dois países. O Congo, primeiro é o centro, é o sinônimo dos Grandes Lagos e a RCA é um país onde a República de Angola temos trabalhado em colaboração com os centro-africanos para levar a paz, apesar dos problemas falar desses dois países”, afirma.
Participam no debate altos representantes do Departamento dos Assuntos Políticos e de Consolidação das Operações de Paz, o enviado especial do secretário-geral para a Região dos Grandes Lagos, Huang Xia, e o secretário-executivo da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, João Caholo.
O mais recente relatório do secretário-geral sobre a região destaca que cerca de 15 milhões de pessoas permanecem deslocadas e ressalta desafios políticos, como relações bilaterais e cooperação.
O momento atual é visto como uma oportunidade para que os países façam progressos na promoção da paz e do desenvolvimento.
Além da situação centro-africana, os Grandes Lagos acompanham a crise causada por grupos armados que operam no leste da RD Congo.
O relatório da ONU destaca “graves violações dos direitos humanos e o uso da violência sexual e de gênero como arma de guerra”. Até finais de agosto, pelo menos 178 casos de violência sexual relacionada ao conflito foram registrados.
Sobre a situação da segurança na região, o destaque vai para as condições ao longo das fronteiras comuns. Apesar de relativa estabilidade, a situação de segurança no leste da RD Congo piorou devido às atividades de grupos armados.
Um Grupo de Contato e Coordenação começou a operar em maio com representantes dos serviços de inteligência e segurança de países que fazem fronteira com áreas afetadas por conflitos na região.
A instituição endossou um plano de ação incluindo “o desarmamento e a repatriação de forças negativas, a interrupção do fornecimento de armas, combatentes e financiamento”
A estratégia regional também prevê que sejam fortalecidos “os programas nacionais de desarmamento, desmobilização e reintegração além do reforço da cooperação econômica transfronteiriça”.
Para a ONU, “a situação humanitária e de direitos humanos na região também carece de uma solução duradoura para o deslocamento forçado e o retorno voluntário de refugiados.
Neste campo, a entidade regional colabora com a Agência das Nações Unidas para Refugiados.