Aumentam operações de segurança contra migrantes na Líbia BR

Pessoas que buscam asilo no país são cada vez mais alvo de tratamento pesado, o que já resultou em pelo menos uma morte e num aumento das detenções; nas prisões de Tripoli, 1 mil mulheres e crianças correm risco, segundo Unicef.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU alerta migrantes vulneráveis na Líbia estão sendo vítimas de violações e de abusos que acontecem diariamente, por parte do governo e de representantes não-estatais.
Muitas pessoas estão sendo expulsas do país e enviadas para países da África Subsaariana. Segundo a porta-voz do Escritório, Marta Hurtado, a justificativa do governo é de que essas operações são de combate ao crime.
Mas Hurtado argumenta que para combater o crime, é “preciso ir atrás de traficantes e não prender migrantes, que geralmente são também vítimas desses traficantes”.
Desde o começo do mês, migrantes e pessoas que pediram asilo à Líbia são alvo de incidentes violentos. No dia 1, em uma ação liderada pelo Ministro do Interior num acampamento informal próximo de Tripoli, homens, mulheres e crianças foram presos, incluindo civis que já estavam registrados junto à Agência da ONU para Refugiados, Acnur.
A porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU explicou ainda que as forças de segurança chegaram a bater nas pessoas que tentavam escapar e também dispararam contra os migrantes.
Pelo menos um pessoa morreu, cinco ficaram feridas e mais de 4 mil foram detidas. Segundo Marta Hurtado, o governo líbio acabou reconhecendo que a operação poderia ter sido feita de maneira diferente.
De acordo com o Escritório de Direitos Humanos, as pessoas que foram presas foram encaminhadas a um centro de detenção em Tripoli e estariam em celas superlotadas, com pouco acesso à água e à comida.
No dia 6 de outubro, 500 migrantes conseguiram escapar e foram seguidos por guardas que acabaram disparando vários tiros, matando pelo menos quatro pessoas.
Para Marta Hurtado, “essa série de eventos terríveis num período de apenas oito dias é apenas o último exemplo da situação precária e por vezes fatal enfrentada por migrantes e requerentes de asilo na Líbia”.
O Escritório de Direitos Humanos da Líbia está fazendo um apelo às autoridades do país, para libertarem todos os migrantes detidos e acabarem com as operações nos assentamentos.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, também fez um alerta na terça-feira sobre a segurança e bem-estar de mil mulheres e crianças que estão em centros de detenção em Tripoli.
Segundo a agência, o grupo, incluindo cinco menores desacompanhados e 30 bebês, está sob risco, vivendo em condições desumanas, incluindo casos de meninos que foram colocados em celas com homens adultos.