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1,3 bilhão de pessoas vivem na pobreza; grupos étnicos e mulheres são os mais afetados BR

Cerca de metade das pessoas em situação de pobreza são menores de 18 anos
Unicef/Ricardo Franco
Cerca de metade das pessoas em situação de pobreza são menores de 18 anos

1,3 bilhão de pessoas vivem na pobreza; grupos étnicos e mulheres são os mais afetados

Direitos humanos

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento afirma que índice de pobreza demonstra desigualdades acentuadas entre grupos étnicos; pesquisa também observa que mulheres são mais vulneráveis; Angola e Moçambique possuem mais da metade da população passando por dificuldades. 

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, divulgou nesta quinta-feira um relatório sobre os níveis de pobreza no mundo. Os resultados apontam que 1,3 bilhão de pessoas vivem na pobreza. 

O estudo traz um retrato multidimensional dos civis que vivem com dificuldades, levando em conta múltiplos fatores, como acesso à saúde, educação, água potável, entre outros. 

Angola é apontada como exemplo dos efeitos da mudança climática, com quase 7 milhões de pessoas com fome por causa da pior seca em 40 anos
© Unicef Angola/Carlos Louzada
Angola é apontada como exemplo dos efeitos da mudança climática, com quase 7 milhões de pessoas com fome por causa da pior seca em 40 anos

Lusofonia 

De acordo com o relatório da agência das Nações Unidas, Angola e Moçambique possuem mais de metade da população em cenário de vulnerabilidade. 

Mais de 16 milhões de angolanos foram considerados multidimensionalmente pobres, o que equivale a 51,1% da população total. Outros 15,5% são considerados em risco de pobreza. 

Já em Moçambique, o número supera os 70%. São mais de 22 milhões de pessoas em dificuldade. Desses, 63% vivem abaixo da linha de pobreza. 

Os dados reforçam outro achado do relatório, que indica que mais da metade das pessoas nesta situação estão na África Subsaariana.  

Os resultados de São Tomé e Príncipe ficaram na casa dos 11% e do Brasil, em 3,8%. 

Pandemia empurrou 120 milhões de pessoas para a pobreza em 2020
OIT/Marcel Crozet
Pandemia empurrou 120 milhões de pessoas para a pobreza em 2020

Principais resultados 

No lançamento do relatório, o Pnud destacou a vulnerabilidade de grupos étnicos. Os números aponta que pelo menos 90% de seus integrantes vivem com grandes privações. 

Ao citar o exemplo da América Latina, o Pnud afirma que os povos indígenas estão entre os mais pobres. Na Bolívia, as comunidades representam cerca de 44% da população. Entre elas, 75% das pessoas são consideradas multidimensionalmente pobres.  

O representante do Pnud, Achim Steiner, afirmou que “a pandemia de Covid-19 corroeu o progresso do desenvolvimento em todo o mundo”.  

Segundo ele, os achados do relatório reforçam a necessidade de uma visão completa de como as pessoas são afetadas pela pobreza para assim “construir um futuro melhor” e projetar respostas eficazes. 

Gênero 

O relatório também indica uma disparidade entre meninos e meninas. Os dados mostram que, em todo o mundo, cerca de dois terços das pessoas mais vulneráveis vivem em moradias em que nenhuma menina completou seis anos de estudo.   

O relatório também constata que essas elas estão mais expostas a sofrerem violência de seus parceiros. 

Dados 

O Pnud ainda destaca que cerca de metade das pessoas em situação de pobreza são menores de 18 anos.  

Entre os mais de 1 bilhão de pessoas vulneráveis, 67% vivem em países de renda média. 

Quase a totalidade do grupo não possui meios adequados de preparar alimentos e vive sem saneamento básico.  

O estudo revela que 788 milhões vivem em locais com pelo menos uma pessoa desnutrida e 568 milhões precisam caminhar mais de 30 minutos para acessarem fontes de água potável.