Cinema africano pode criar mais de 20 milhões de empregos
Cultura e educação
Indústria alcança somente 25% do potencial; Unesco quer ajudar o continente com nova publicação; debates e exibições marcam Semana do Cinema Africano até quinta-feira.
Uma nova publicação recomenda estratégias para ajudar o cinema africano a aproveitar o potencial para criar mais de 20 milhões de empregos.
O setor também pode contribuir para o Produto Interno Bruto, PIB, combinado do continente com US$ 20 bilhões, segundo a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.
Apoio
Os dados constam na publicação A Industria do Cinema Africano: Tendências, Desafios e Oportunidades de Crescimento. O estudo foi lançado na terça-feira, em Paris, no âmbito da Semana de Cinema Africano.
Equipamentos de filmes digitais acessíveis e novas plataformas online permitem fazer uma distribuição direta aos consumidores
Até quinta-feira, a agência celebra o período com mesas redondas sobre produção, investimento e apoio institucional, além de uma exibição sobre o tema.
A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, juntou-se aos cineastas Abderrahmane Sissako e Mati Diop, na apresentação da publicação que mapeia a indústria cinematográfica e audiovisual do continente.
Atualmente cerca de 5 milhões de pessoas estão envolvidas no setor que é responsável por US$ 5 bilhões do PIB anual em toda a África.
Filmes são de fato bens públicos requerendo apoio e investimento p.ara garantir um acesso igual à criação, à produção, à distribuição, à disseminação e ao consumo
Potencial
De acordo com o documento, o potencial do setor permanece amplamente inexplorado, apesar do crescimento significativo da produção. A Nigéria, por exemplo, lança cerca de 2,5 mil de filmes por ano.
Com equipamentos de filmes digitais acessíveis e novas plataformas online, que permitem fazer uma distribuição direta aos consumidores, nasce uma nova economia para os criadores de conteúdo, conclui o estudo.
Mas África conta com apenas uma tela de cinema por 787.402 pessoas, o que torna o continente desprovido em termos de cinemas.
Outro desafio é lidar com a pirataria. Embora não haja dados precisos, o relatório estima que o problema afeta entre metade e 75% da receita das indústrias de cinema e audiovisual.
Indústria cinematográfica
Além disso, apenas 19 dos 54 países africanos oferecem apoio financeiro aos cineastas. O total corresponde a 35% das nações do continente prevendo esse tipo de estímulo.
Diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay
O estudo também identifica desafios persistentes, como a liberdade de expressão. As profissões ligadas à indústria em 47 países relataram ter sofrido limitações, o que pode afetar o trabalho criativo.
Há ainda desafios na educação, na formação e na ligação à internet, afetando as indústrias cinematográficas e audiovisuais africanas.
O estudo pretende ajudar à indústria cinematográfica e aos tomadores de decisão a avaliar o cenário atual e planejar de forma estratégica o crescimento do setor.
Bens públicos
A chefe da Unesco defende uma reflexão sobre a importância de “se fortalecer a cooperação internacional para permitir que todos os países, em particular em desenvolvimento, promovam as indústrias culturais e criativas e que sejam viáveis e competitivas tanto nacional quanto internacionalmente.”
Audrey Azoulay disse na data coincidindo com os 20 anos da Declaração da Diversidade Cultural é preciso alçar a voz. A meta é reafirmar que “filmes são de fato bens públicos requerendo apoio e investimento para garantir um acesso igual à criação, à produção, à distribuição, à disseminação e ao consumo.”