Estudo exige ação contra “falha coletiva” para lidar com deslocamento prolongado
Cerca de 55 milhões de pessoas foram forçadas a deixar as áreas de origem; secretário-geral alerta sobre números crescentes pelo mundo; principais fatores incluem violência, conflitos, desastres e efeitos das alterações do clima.
Um relatório apresentado esta quarta-feira às Nações Unidas apela à ação para lidar com o deslocamento interno prolongado.
A recomendação é feita pelo Painel de Alto Nível do Secretário-Geral da ONU sobre Deslocamento Interno a países, à sociedade civil, à comunidade internacional e ao setor privado.
Sofrimento
A pesquisa com o título Iluminando o Deslocamento Interno: Uma Visão para o Futuro defende uma “abordagem voltada para o desenvolvimento” para resolver a questão.
A análise foi liderada pela ex-alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Federica Mogherini, e pelo ex-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Donald Kaberuka.
O documento final ressalta que estas soluções devem ser dirigidas a cidadãos nacionais e residentes em países que tenham sido deslocados pela violência, pelos conflitos, pelos desastres e pelos impactos da mudança climática.
O relatório lamenta “uma falha coletiva” para prevenir, abordar e resolver a situação, mas também identifica oportunidades para mudanças nas abordagens e práticas para “acabar com o sofrimento desnecessário”.
Deslocados
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que até o final de 2020 havia cerca de 55 milhões de pessoas vivendo como deslocadas em seus países.
O chefe das Nações Unidas destacou que quando as pessoas são forçadas a fugir de suas casas, suas vidas são destruídas e são perdidas propriedades, meios de subsistência, segurança e proteção.
A movimentação forçada também afeta a estabilidade da comunidade e o acesso dos menores às escolas. Guterres destacou que a ajuda humanitária é vital para o grupo, mas é necessário fazer mais para restaurar a normalidade e fornecer soluções.
Guterres lembrou que por várias décadas, o número de deslocados internos tem crescido, atingindo níveis recorde ano após ano em todo o mundo.
Soluções
O processo de produção do relatório foi participativo e incluiu consultas com pessoas em nações afetadas, doadores, agências da ONU, sociedade civil e outros envolvidos.
Com o documento, Guterres vê “uma oportunidade importante para preparar o caminho para um futuro melhor para milhões de pessoas em todo o mundo, que são deslocadas em seus próprios países, muitos por anos, alguns por décadas.”
O secretário-geral quer um reforço de medidas para proteger, prestar assistência e encontrar soluções para os deslocados internos por serem parte “importante de um contrato social renovado com base nos direitos humanos”.
O secretário-geral destaca que esta questão é uma preocupação da nova estratégia “Nossa Agenda Comum”, que sugere soluções para desafios atuais e futuros da humanidade.