Acesso a fundos e investimento externos desafiam Cabo Verde no pós-pandemia
Arquipélago quer atingir 85% de imunizados na população elegível até outubro; presidente Jorge Carlos Fonseca aponta multilateralismo como resposta aos grandes desafios atuais; chefe de Estado mencionou efeitos das mudanças climáticas, de conflitos geopolíticos e de insegurança criminosa.
Cabo Verde criou a estratégia Ambição 2030 para retomar o processo do desenvolvimento sustentável e reconstruir melhor na realidade pós-pandêmica. O plano consiste em etapas a médio e longos prazos segundo o presidente Jorge Carlos Fonseca.
Falando na 76ª sessão da Assembleia Geral, o líder cabo-verdiano disse que os maiores obstáculos nesse sentido incluem acesso ao financiamento concessional e a atração do investimento direto externo.
Oportunidades
No último discurso feito do palanque da Assembleia Geral, o chefe de Estado cabo-verdiano destacou a crise da pandemia como “uma crise que encerra oportunidades.”
“Enquanto crise, a pandemia do Covid tem destruído vidas, comprometido os cuidados de saúde, desestruturado economias e sistemas de proteção social, reduzido oportunidades de educação e de emprego aos jovens e aumentado a pobreza e a desigualdade, expondo com maior incidência aos efeitos das mudanças climáticas e fragilizando, ainda mais, os mais frágeis. Mas também temos presenciado as oportunidades que têm surgido do combate à pandemia, ou suscitadas pela busca de soluções”
Jorge Carlos Fonseca apontou que os jovens têm estado na primeira linha das gerações que estão “em situação de responsabilidade no presente e no futuro”.
Cadeia de Crises
“Com o recurso às tecnologias para minimizar os efeitos do distanciamento físico na comunicação, na administração, na educação, no entretenimento, na prática diplomática e nos negócios, para monitorar o avanço da transmissão, o papel da ciência na sua corrida para obtenção de uma vacina em tempo recorde, nas múltiplas formas de criatividade e de adaptação e de resposta ao tempo presente, em muitos outros campos de atividade.”
O chefe de Estado cabo-verdiano realçou que tal como a Covid-19 existe uma cadeia de outras crises como as mudanças climáticas, os conflitos geopolíticos e a insegurança criminosa.
“Com essa interconexão, agrava a divisão entre os que têm e os que não têm, tanto no plano nacional como internacionalmente, designadamente, no que tange ao acesso à vacina para todos e às condições e meios financeiros para reconstruir melhor.”
O presidente disse que em Cabo Verde o efeito da pandemia desconstruiu de forma brutal áreas como sanitário, econômico e social. Anteriormente, a economia vinha crescendo em cerca de 6%.
Vacinação
A situação impactou as principais bases de sustentação, como os setores do turismo, dos transportes e da demanda. Na economia, destaca-se uma recessão nunca antes experimentada de 14,8%.
Entretanto, o país tece uma redução das taxas de transmissão de Covid-19 e aumento no número de imunizados, que já soma os 74% com pelo menos uma dose. A meta é atingir 85%, da população elegível, totalmente imunizada, até o final de Outubro.
Fonseca disse que até 2030, alcançar o sucesso das metas globais sob o lema o “Futuro que queremos” depende da capacidade de aproveitar as oportunidades que nascem das crises pendentes.
Para tal, o líder cabo-verdiano destaca que o caminho é o multilateralismo, revisitado e reforçado, para responder aos grandes desafios presentes.