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ONU destaca efeitos adversos da falta de fundos para refugiados e Covid-19

Refugiada afegã é vacinada contra Covid-19 em Rawalpindi, no Paquistão.
Acnur/Asif Shahzad
Refugiada afegã é vacinada contra Covid-19 em Rawalpindi, no Paquistão.

ONU destaca efeitos adversos da falta de fundos para refugiados e Covid-19

Migrantes e refugiados

Agência da ONU para Refugiados quer apoio para mobilizar fundos; nota alerta que falha em financiar a resposta vai agravar situação dos deslocados e apátridas; nota adverte que grupo que represneta 1% da população mundial não pode ser excluído.

A Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, quer mais atenção global e financiamento para lidar com o impacto da Covid-19 em pessoas forçadas a se deslocar em todo o mundo.

A emergência da pandemia vem no topo da lista das 10 principais situações  subfinanciadas na atuação da agência este ano.

Orçamento

O orçamento de US$ 924 milhões foi coberto em apenas um terço. O valor representa uma “enorme lacuna na capacidade de proteger os mais vulneráveis da precipitação da pandemia”.

Refugiadas na Jordânia aprendendo habilidades como alfaiataria para ajudá-las a ganhar dinheiro e sustentar suas famílias
ONU Mulheres
Refugiadas na Jordânia aprendendo habilidades como alfaiataria para ajudá-las a ganhar dinheiro e sustentar suas famílias

 

Embora seja positivo o efeito de vacinas seguras e eficazes no alívio da pressão sobre os sistemas de saúde, a chefe da Seção de Saúde Pública do Acnur, Ann Burton, revelou que há novos casos entre esta população.

Muitas pessoas continuam a morrer e a desigualdade das vacinas continua a afectar vários Estados que acolhem refugiados.    

Pelo menos 86% dos refugiados recebem abrigo em países em desenvolvimento, enquanto cerca de 80% de todas as doses de vacina foram entregues em países de renda alta e média alta.

Dificuldades

As nações de renda baixa hospedam maior parte dos refugiados do mundo e têm sistemas de saúde menos resilientes, agravando as dificuldades em lidar com as necessidades das próprias populações.

O grupo de nações enfrenta o dilema de necessidades adicionais que acolher refugiados impõe. Entretanto, a agência renova apelo para que países partilhem doses restantes com a iniciativa global Covax liderada pela Organização Mundial da Saúde, OMS.

Vice-chefe do Acnur, Gillian Triggs visita um Centro de Atendimento a Refugiados em Tapachula, no sul do México
Acnur/Tito Herrera
Vice-chefe do Acnur, Gillian Triggs visita um Centro de Atendimento a Refugiados em Tapachula, no sul do México

 

A medida deve ser tomada “a atempo de lidar com a desigualdade global de vacinas para evitar o prolongamento da pandemia que prejudica deslocados à força e apátridas de maneiras que vão muito alem do risco do próprio vírus”. 

Apesar das barreiras no acesso às vacinas, a agência saúda os Estados anfitriões que incluíram refugiados na vacinação e incentivou a continuarem a fazê-lo. Uma promessa do a apoia para ultrapassar algumas barreiras, através de itens de informação adequado a baixos níveis de alfabetização.

Subsistência

O Acnur  enfatizou ainda que enquanto empresas e locais de trabalho fecham, os meios de subsistência precários dos refugiados são os primeiros a desaparecer.

A situação ocorre onde governos forneceram subsídios para compensar o impacto económico ou ajudaram alunos com aprendizagem a distância e nem sempre tiveram acesso a tais medidas.

Pelo menos 86% dos refugiados são acolhidos em países em desenvolvimento
OIM/ Muse Mohammed
Pelo menos 86% dos refugiados são acolhidos em países em desenvolvimento

 

A agência também chama a atenção sobre os efeitos de um tombo económico “que significa que pessoas não conseguem pagar rendas ou suportar as necessidades diárias, tais como comida.”

O problema não só aumentaria o risco de exploração e violência baseada no género, como revela a necessidade de incluir refugiados nas Redes Nacionais de Segurança.

Necessidades

Até final de agosto, a deficiência financeira das maiores áreas de necessidades não atendidas era de US$ 74 milhões.

Segundo a Agência, uma falha em integrar os deslocados à força na resposta a pandemia seria imprudente. O grupo representa 1% da população mundial.