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OMS: África falha no objetivo global de vacinar 40% da população em 2021 BR

Cerca de 2% de quase 6 bilhões de doses distribuídas globalmente foram administrados na África
© Unicef/Raphael Pouget
Cerca de 2% de quase 6 bilhões de doses distribuídas globalmente foram administrados na África

OMS: África falha no objetivo global de vacinar 40% da população em 2021

Saúde

Das 6 bilhões de doses do imunizante contra a Covid-19 distribuídas ao nível global, apenas 2% foram administradas no continente; países de renda alta administraram 48 vezes mais doses do que os de renda baixa; Iniciativa da OMS espera entregar 95 milhões de doses este mês.

A Organização Mundial da Saúde, OMS anunciou que a África tem um déficit de cerca de 500 milhões de doses para alcançar o objetivo global vacinar totalmente 40% da população ate final deste ano. 

A insuficiência ocorre numa altura em que os casos da Covid-19 atingem 8 milhões e a iniciativa global Covax reduz, em 150 milhões, as entregas ao continente. 

O Congo recebeu pouco mais de 300 mil doses de vacinas contra Covid por meio da Covax em agosto de 2021
© Unicef/Aimable Twiringiyima
O Congo recebeu pouco mais de 300 mil doses de vacinas contra Covid por meio da Covax em agosto de 2021

Constrangimentos

Com o corte, a expectativa é que o mecanismo de vacinas entregue, ainda este ano, 470 milhões de doses à África para 17% da população, muito abaixo da meta de 40%. 

Estima-se que mais 470 milhões de doses sejam necessárias para alcançar a meta de fim do ano, mesmo se todas as remessas planeadas via Covax.

A diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, indicou que as proibições de exportação e o acúmulo de imunizantes estrangularam o fornecimento do produto para África. 

Segundo ela, enquanto os países ricos persistirem em bloquear a Covax fora do mercado, o continente vai perdendo os objetivos definidos. 

Pacientes esperam para tomar vacina no distrito de Kabale, Uganda.
Foto: © UNICEF/Catherine Ntabadde
Pacientes esperam para tomar vacina no distrito de Kabale, Uganda.

Solidariedade

Moeti garantiu que o enorme fosso na equidade de vacina não vai fechar-se tão rápido, apelando aos países fabricantes a abrirem os portões e a ajudarem a proteger os que estão enfrentando maiores riscos. 

Enquanto as proibições de exportação, desafios em impulsionar a produção em locais de fabricação e atrasos nas aprovações regulatórias para novos produtos restringem as entregas.

A iniciativa multilateral destinada a garantir acesso global às vacinas convidou os países doadores a partilharem programas de abastecimento para dar mais clareza as entregas.

O mescanismo apelou os países com vacinas suficientes a cederem o lugar na fila das entregas e lembrou que os fabricantes devem entregar a Covax de acordo com compromissos firmes. 

Os mais avançados na imunização devem expandir e acelerar doações, garantindo que doses estejam disponíveis em grandes volumes, mais previsíveis e com vida útil mais longa.

Enfermeira no Mali prepara uma dose de vacina
Foto: © UNICEF/Seyba Keïta
Enfermeira no Mali prepara uma dose de vacina

Desigualdade

Cerca de 95 milhões de doses adicionais devem chegar a África via Covax ao longo de setembro. A remessa será a maior que o continente receberá em um mês até agora. Mesmo com o aumento das entregas, o continente conseguiu garantir vacinação completa a apenas 50 milhões de pessoas, ou 3,6% da sua população.

Cerca de 2% de quase 6 bilhões de doses distribuídas globalmente foram administrados em África. 

Já a União Europeia e o Reino Unido inocularam mais de 60 % da sua população e países de renda alta administraram 48 vezes mais doses por pessoa do que as nações de rendimento baixo.

Para Moeti, “a incrível iniquidade e o grande atraso nos embarques de vacinas ameaça transformar áreas da África com baixa taxa de imunização em criadouros de variantes resistentes, podendo enviar o mundo inteiro de volta a estaca zero”.

A OMS prestou assistência a 15 países africanos na condução de análises para examinar todos os aspectos das campanhas de vacinação e oferecer recomendações para melhorar. 

As revisões mostraram que a segurança no fornecimento do produto e as incertezas relativas ao processo são o maior impedimento a muitas nações africanas.

Homem de 76 anos mostra seu cartão de vacinação após receber a vacina de Covid-19 em Gana
Unicef/Francis Kokoroko
Homem de 76 anos mostra seu cartão de vacinação após receber a vacina de Covid-19 em Gana

Retrocesso

Com mais de 300 funcionários em toda a África, apoiando a resposta à Covid-19, a OMS envia especialistas e produzir planos de apoio em áreas especificas onde países precisam de assistência atenciosa, incluindo garantir pessoal, financiamento, fortalecer cadeias de abastecimento e logística e aumentar a demanda por imunizantes. 

Até 14 de setembro de 2021, houve registro de 8.06 milhões de casos de Covid-19 em África e enquanto a terceira onda diminui, houve cerca de 125 mil novos casos na semana passada. 

Embora diminua 27% em relação a semana anterior, novos casos semanais ainda estão no pico da primeira onda, e 19 países continuam a relatar um número alto ou crescente de casos.

As mortes diminuíram 19% para 2.531 na semana até 12 de setembro. A variante Delta, considerada altamente transmissível, foi encontrada em 31 nações africanas, a Alfa em 44 e a Beta em 39.


De Bissau para a ONU News, Amatijane Candé