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Apenas 34% dos refugiados conseguem frequentar o ensino secundário BR

Emily, refugiada venezuelana, usa o computador em sua casa, no Equador
Foto: © UNHCR/ Ramiro Aguilar Villamar
Emily, refugiada venezuelana, usa o computador em sua casa, no Equador

Apenas 34% dos refugiados conseguem frequentar o ensino secundário

Migrantes e refugiados

Relatório do Acnur revela desafios dos jovens do grupo que tentam continuar aprendendo, apesar dos impactos da Covid-19; agência faz um apelo à comunidade internacional para reverter índices muito baixos de matrícula nas universidades. 

Dois terços das crianças refugiadas talvez nunca conseguirão frequentar o ensino secundário, alerta a Agência da ONU para Refugiados, Acnur.  

Nesta terça-feira, a entidade lançou seu Relatório de Educação 2021, focando nos desafios enfrentados por uma geração de refugiados que tentam aprender, apesar dos impactos da pandemia de Covid-19. 

Agências da ONU, como Acnur, têm apoiado refugiados e migrantes da Venezuela durante pandemia de Covid-19
Acnur/Felipe Irnaldo
Agências da ONU, como Acnur, têm apoiado refugiados e migrantes da Venezuela durante pandemia de Covid-19

Progressos ameaçados  

O Acnur também pede um esforço internacional maior para combater os “índices criticamente baixos” de matrícula nas escolas e nas universidades. O alto comissário da ONU para Refugiados declarou que “progressos conquistados recentemente sobre entrada de crianças e de jovens nas escolas estão sob ameaça”. 

Segundo Filippo Grandi, combater este desafio requer um esforço em massa e coordenado, e é uma tarefa que não se pode deixar escapar.   

O Acnur fez um levantamento em 40 países e descobriu que entre 2019 e 2020, apenas 34% dos adolescentes refugiados estavam frequentando o ensino secundário.  

Refugiada do Congo, Henriette Kiwele Kiyambi vive em um assentamento do Mali, onde beneficia de um apoio do Acnur para sua educação
Acnur/Tina Ghelli
Refugiada do Congo, Henriette Kiwele Kiyambi vive em um assentamento do Mali, onde beneficia de um apoio do Acnur para sua educação

Fase importante  

O relatório destaca que esta fase do ensino é uma época de “crescimento, desenvolvimento e oportunidades”, e ajuda até a aumentar as perspectivas de emprego e a independência.  

Mas sem um grande aumento no acesso ao ensino secundário, ficará difícil alcançar a meta estipulada pelo Acnur, que é de ter 15% dos jovens refugiados no ensino superior até 2030. 

A agência lembra que os países que hospedam um grande número de refugiados precisam de apoio para conseguir fornecer material escolar e investimentos em tecnologia para reduzir as divisões digitais.  

Faculdade  

O Acnur destaca ainda que a Covid-19 afetou bastante a vida das crianças, mas o relatório aponta que para os menores refugiados que já enfrentavam obstáculos para ir à escola, a pandemia “pode destruir todas as esperanças que têm conseguir acesso à educação.” 

O relatório mostra também que 68% das crianças refugiadas estavam matriculadas na escola primária, entre 2019 e 2020.   

Já a participação no ensino superior era de 5%, um aumento de dois pontos. Na avaliação do Acnur, esse crescimento representa “uma mudança transformadora para milhares de refugiados” e traz “esperança aos jovens refugiados”. Mas a agência destaca que a taxa é muito baixa na comparação com índices globais.