Agências da ONU apoiam kits alternativos para teste PCR de Covid-19
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, e Governo da Áustria conduziram estudo para apurar eficiências das alternativas, que se mostraram seguras para uso.
O aumento de casos da Covid-19 levou à demanda por mais testes rápidos do tipo PCR em todo mundo. Segundo especialistas, este é o método mais confiável de laboratório para detectar, rastrear e analisar o novo coronavírus.
Com menos recursos para realizar os testes, alguns laboratórios passaram a buscar alternativas mais baratas e acessíveis.
Países em desenvolvimento
Um estudo para apurar a qualidade de algumas dessas possibilidades foi realizado pela Aiea e pela FAO com o apoio da Agência Austríaca para Segurança na Saúde e Alimentação, Ages.
O resultado é animador para países em desenvolvimento que lutam contra a pandemia e deve ser apresentado no Fórum Científico “Preparando para Surtos Zoonóticos: o Papel da Ciência Nuclear”.
O evento está marcado para 21 a 22 de setembro à margem da Conferência Geral da Aiea, em Viena. Em testes rápidos contra a Covid-19 e outras doenças, os reagentes são substâncias, enzimas, compostos e outros elementos necessários para um exame em laboratório.
Reagentes
Como ingredientes numa receita, eles são fundamentais para levar a uma reação química e assegurar um resultado de confiança no final. Mas para uma reação em tempo real e que não é específica de uma amostra, o que ocorre são que os mesmos reagentes utilizados para detectar a Covid-19 também podem ser usados para identificar outros vírus.
Quando a pressão por testes aumenta, muitos laboratórios que não têm os reagentes são obrigados a optar por diferentes fornecedores e reagentes e outros kits ad hoc de diagnóstico molecular.
Três kits
No caso, os kits ad hoc são para doenças e patógenos específicos. O vice-chefe do Departamento de Biologia Molecular da Áustria, Adi Steinrigl, lembra que os laboratórios que oferecem o teste RT-PCR contam com uma mistura mestre de soluções prontas nesses kits ad hoc de diagnóstico molecular.
Em abril de 2020, o governo austríaco e o Centro de Técnicas Nucleares para Alimentação e Agricultura da FAO e da Aiea lançaram um estudo para avaliar e comparar oito misturas mestres e três kits ad hoc desenvolvidos por empresas na Áustria na Alemanha, nos Estados Unidos, no Japão, na Coreia do Sul e no Reino Unido.
O estudo incluiu os tipos mais comuns usados e à disposição no mercado dentre os vários testes comercializados para a Covid-19. Até julho deste ano, 388 foram listados pela Fundação para Diagnósticos Inovadores.
Ensaios
Especialistas dos laboratórios da FAO e Aiea na cidade austríaca de Seibersdorf já analisaram 178 ensaios clínicos usando cada um dos 11 kits comerciais e das misturas mestres. Eles concluíram que todos os itens testados e kits ad hoc podem ser empregados na detecção de rotina do novo coronavírus.
O chefe da Produção Animal e Laboratório de Saúde do Centro FAO/Aiea, Giovanni Catttoli, afirma que os produtos testados são similares ao que pode ser obtido quando se usa os reagentes recomendados pela Organização Mundial da Saúde, OMS.
Resultados
Para ele, em países que não podem obter os reagentes para os protocolos recomendados porque são extremamente caros, os laboratórios podem driblar essa falta com alguns dos reagentes incluídos no estudo alcançando resultados semelhantes e confiáveis. Desta maneira, mais testes poderão ser realizados e de forma mais barata.
O tempo e o preço dos testes PCR contra Covid-19 variam de país para país. Uma análise RT-PCR leva, em média, algumas horas para ficar pronta após o recebimento das amostrar. O custo dos reagentes depende dos fornecedores.
A agência estima que tirando os custos da mão-de-obra, os testes podem custar o equivalente de €7 a €20. O estudo foi publicado no Journal of Virological Methods em junho deste ano.