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ONU quer mais atenção mundial para efeitos de conflitos armados sobre crianças BR

Somente no Afeganistão, entre 2019 e 2020, foram mortas ou feridas cerca de 5,770 crianças em confrontos e conflitos
© Unicef/Monique Awad
Somente no Afeganistão, entre 2019 e 2020, foram mortas ou feridas cerca de 5,770 crianças em confrontos e conflitos

ONU quer mais atenção mundial para efeitos de conflitos armados sobre crianças

Paz e segurança

Escritório, que celebra 25 anos de criação, documentou 24 mil violações graves cometidas contra 19,3 mil menores em 21 situações monitoradas pela entidade, no ano passado.

O destino de crianças afetadas por conflitos armados e a proteção delas têm que estar no coração da agenda internacional e isso inclui qualquer estratégia de resposta à Covid-19.

A declaração é da representante especial do secretário-geral para Crianças e Conflitos Armados, Virginia Gamba. 

Representante especial do secretário-geral para Crianças e Conflito Armado, Virginia Gamba.
ONU/Rick Bajornas
Representante especial do secretário-geral para Crianças e Conflito Armado, Virginia Gamba.

Assembleia Geral

Nesta segunda-feira, a Assembleia Geral recebeu o relatório sobre o tema, que é assinado pelo chefe da ONU, António Guterres. O Escritório que, leva o mesmo nome, completa 25 anos, em 2021.

No documento, Guterres pede a todas as partes em conflito que priorizem o combate da violência à criança. 
As violações cometidas este ano só serão relatadas no próximo. Para o chefe da ONU, é preciso começar o diálogo, os processos de paz e de cessar-fogo que ponham fim a conflitos pelo mundo.

Somente em 2020, foram quase 24 mil violações graves contra 19,3 mil crianças que são monitoradas em 21 situações pelo Escritório liderado por Virginia Gamba. 

Para ela, o desdém pelos direitos das crianças é de “partir o coração”.

Refugiados do Iraque caminham para o campo de Al-Hol, na Síria
© Unicef/Delil Souleiman
Refugiados do Iraque caminham para o campo de Al-Hol, na Síria

Recrutamento

As violações mais frequentes são recrutamento e uso de crianças em combates, os assassinatos e ferimentos dos menores e a proibição de acesso humanitários às crianças. 

Somente no Afeganistão, entre 2019 e 2020, foram mortas ou feridas cerca de 5,770 crianças em confrontos e conflitos.

A representante especial, Virginia Gamba, afirma que o Afeganistão é um dos países mais perigosos para uma criança crescer e viver.

O último relatório também alerta sobre um grande número de sequestros e casos de violência sexual contra meninas e meninos. Nos conflitos, hospitais e escolas são destruídos, atacados e saqueados. Muitos estabelecimentos são usados para fins militares.

Duas crianças, que voltaram para casa recentemente depois que eles e sua família fugiram dos conflitos em 2017, olham para o bairro de Al Gamalia, na cidade de Taiz
Ocha/Giles Clarke
Duas crianças, que voltaram para casa recentemente depois que eles e sua família fugiram dos conflitos em 2017, olham para o bairro de Al Gamalia, na cidade de Taiz

Conselho de Segurança

O chefe da ONU contou que a organização e agências parceiras no terreno incluindo a sociedade civil estão totalmente mobilizadas para proteger as crianças e prevenir novas violações.

Ao todo, o Conselho de Segurança já aprovou 13 resoluções para esse fim. No ano passado, mais de 12,3 mil crianças foram libertadas dessas condições.

A pandemia agravou ainda mais a situação de menores vítimas de violência e conflito armado. Com as escolas fechadas, as crianças perderam uma fonte de apoio e de recreação, que ajudava como terapia para os menores feridos nesses incidentes. Fora da escola também, muitas crianças ficaram expostas a esses abusos e riscos.

Um menino de 16 anos se recupera em um centro de reabilitação na República Democrática do Congo para crianças que foram sequestradas e forçadas a combater
Unicef/Vincent Tremeau
Um menino de 16 anos se recupera em um centro de reabilitação na República Democrática do Congo para crianças que foram sequestradas e forçadas a combater

Explosivos improvisados

O relatório apresentado à Assembleia Geral neste 23 de agosto cobre o período de janeiro a julho de 2021. Uma das preocupações são os ferimentos causados nos menores por explosivos improvisados, bombas e minas terrestres.

A ONU pede aos países-membros que ainda não firmaram e implementaram protocolos e instrumentos internacionais de proteção a crianças em conflitos armados, que o façam. Uma das medidas é a limpeza de campos minados e a formação sobre os riscos de minas. A representante especial de Guterres sobre o tema também quer o fim da impunidade para esses crimes.