Escritório, que celebra 25 anos de criação, documentou 24 mil violações graves cometidas contra 19,3 mil menores em 21 situações monitoradas pela entidade, no ano passado.
O destino de crianças afetadas por conflitos armados e a proteção delas têm que estar no coração da agenda internacional e isso inclui qualquer estratégia de resposta à Covid-19.
A declaração é da representante especial do secretário-geral para Crianças e Conflitos Armados, Virginia Gamba.
Assembleia Geral
Nesta segunda-feira, a Assembleia Geral recebeu o relatório sobre o tema, que é assinado pelo chefe da ONU, António Guterres. O Escritório que, leva o mesmo nome, completa 25 anos, em 2021.
No documento, Guterres pede a todas as partes em conflito que priorizem o combate da violência à criança.
As violações cometidas este ano só serão relatadas no próximo. Para o chefe da ONU, é preciso começar o diálogo, os processos de paz e de cessar-fogo que ponham fim a conflitos pelo mundo.
Somente em 2020, foram quase 24 mil violações graves contra 19,3 mil crianças que são monitoradas em 21 situações pelo Escritório liderado por Virginia Gamba.
Para ela, o desdém pelos direitos das crianças é de “partir o coração”.
Recrutamento
As violações mais frequentes são recrutamento e uso de crianças em combates, os assassinatos e ferimentos dos menores e a proibição de acesso humanitários às crianças.
Somente no Afeganistão, entre 2019 e 2020, foram mortas ou feridas cerca de 5,770 crianças em confrontos e conflitos.
A representante especial, Virginia Gamba, afirma que o Afeganistão é um dos países mais perigosos para uma criança crescer e viver.
O último relatório também alerta sobre um grande número de sequestros e casos de violência sexual contra meninas e meninos. Nos conflitos, hospitais e escolas são destruídos, atacados e saqueados. Muitos estabelecimentos são usados para fins militares.
Conselho de Segurança
O chefe da ONU contou que a organização e agências parceiras no terreno incluindo a sociedade civil estão totalmente mobilizadas para proteger as crianças e prevenir novas violações.
Ao todo, o Conselho de Segurança já aprovou 13 resoluções para esse fim. No ano passado, mais de 12,3 mil crianças foram libertadas dessas condições.
A pandemia agravou ainda mais a situação de menores vítimas de violência e conflito armado. Com as escolas fechadas, as crianças perderam uma fonte de apoio e de recreação, que ajudava como terapia para os menores feridos nesses incidentes. Fora da escola também, muitas crianças ficaram expostas a esses abusos e riscos.
Explosivos improvisados
O relatório apresentado à Assembleia Geral neste 23 de agosto cobre o período de janeiro a julho de 2021. Uma das preocupações são os ferimentos causados nos menores por explosivos improvisados, bombas e minas terrestres.
A ONU pede aos países-membros que ainda não firmaram e implementaram protocolos e instrumentos internacionais de proteção a crianças em conflitos armados, que o façam. Uma das medidas é a limpeza de campos minados e a formação sobre os riscos de minas. A representante especial de Guterres sobre o tema também quer o fim da impunidade para esses crimes.