ONU lança Estratégia Digital para Operações de Paz BR

António Guterres explica que medida segue plano para modernizar Missões de Paz e torná-las mais dinâmicas; Missão das Nações Unidas na RD Congo já utiliza, por exemplo, inteligência artificial para identificar percepções nas redes sociais e ajudar a missão a melhorar seus serviços.
O secretário-geral António Guterres lançou, nesta quarta-feira, a Estratégia para a Transformação Digital das Missões de Paz da ONU. O objetivo é ampliar a eficiência e melhorar a segurança dos capacetes azuis.
No Conselho de Segurança, ele lembrou que “as tecnologias digitais têm papel central em conectar comunidades, melhorar os sistemas de saúde e de educação e permitir mobilização e mudança.”
Ao mesmo tempo, Guterres afirmou que as tecnologias “estão manchando as linhas entre guerra e paz”, com ataques virtuais a estações de eletricidade, hospitais, entidades do governo e até permitindo que mísseis e foguetes sejam lançados a grandes distâncias.”
Essas mudanças estão criando desafios novos para as operações de paz, que foram criadas há sete décadas, em um mundo analógico. Por isso, Guterres disse que as missões precisam abraçar totalmente o mundo digital.
Segundo o chefe da organização, a estratégia tem quatro metas: impulsionar a inovação tecnológica na sede da ONU e no terreno, onde atuam os soldados de paz. O segundo objetivo é utilizar o potencial das novas tecnologias para aumentar a capacidade das missões em cumprir seus mandatos com eficiência.
As Missões de Paz devem ainda “ser capazes de detectar, analisar e resolver com rapidez as ameaças a civis, a capacetes azuis e a funcionários políticos e humanitários”.
Guterres detalhou que o quarto ponto é garantir o uso responsável das tecnologias digitais nas operações de paz, levando em conta os direitos humanos.
No Conselho de Segurança, o secretário-geral disse que a transformação digital já é uma realidade em algumas Missões de Paz da ONU e forneceu exemplos. No Mali, as equipes utilizam um equipamento que analisa dados de rádio para detectar discursos de ódio.
Já a Missão da ONU na República Democrática do Congo usa a inteligência artificial para identificar, nas redes sociais, qual a percepção das pessoas sobre a missão e assim, poder melhor o serviço que presta no país.
Uma outra iniciativa, chamada Smart Camp, permitirá que as operações de paz sejam mais integradas, eficientes e amigas do meio ambiente.
Mas o secretário-geral ressaltou que para que a Estratégia de Transformação Digital seja um sucesso nos próximos três anos, é preciso do engajamento ativo dos Estados-membros.
António Guterres explicou que a ONU busca assistência em treinamento, construção de capacidades, fornecimento de equipamentos e contribuições financeiras.