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Secas no sul da Amazônia e no Pantanal foram as piores dos últimos 50 anos BR

Incêncio na floresta Amazônia no Brasil (2019)
17ª Brigada de Infantaria de Selva/Rondônia
Incêncio na floresta Amazônia no Brasil (2019)

Secas no sul da Amazônia e no Pantanal foram as piores dos últimos 50 anos

Clima e Meio Ambiente

Organização Meteorológica Mundial, OMM, divulga relatório “O Estado do Clima na América Latina e Caribe”, que destaca incêndios na Amazônia; 2020 foi o segundo ano mais quente na América do Sul.

A Organização Meteorológica Mundial, OMM, divulgou nesta terça-feira o relatório “O Estado do Clima na América Latina e Caribe”, que mostra como a mudança climática está ameaçando a saúde, a produção de alimentos, de energia, o setor da água e o ambiente na região. 

O estudo faz um alerta especial sobre os incêndios e os desmatamentos das florestas, que são vitais para a captura de carbono da atmosfera. A região abriga 57% das florestas do mundo, que guardam 104 gigatoneladas de CO2.

Uma onça-pintada saindo da floresta, no Pantanal, Brasil.
© UNESCO/M & G Therin-Weise
Uma onça-pintada saindo da floresta, no Pantanal, Brasil.

Catástrofe no Pantanal 

Segundo a OMM, as secas intensas no sul da Amazônia e na região do Pantanal em 2020 foram as piores dos últimos 50 anos. 

O secretário-geral da entidade, Petteri Taalas, explica que os incêndios no Pantanal do Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina foram atípicos.

O ano passado teve “a temporada de incêndios mais catastrófica” já vista no Pantanal, com a queima de mais de 26% de área, um número quatro vezes maior do que o observado entre 2001 e 2019. 

Entre os impactos, houve queda no fornecimento de energia e de água, perdas agrícolas e deslocamento de pessoas, contribuindo para os desafios criados com a pandemia de Covid-19. 

Entre 2000 e 2016, quase 55 milhões de hectares de florestas desapareceram na América Latina
FMI/Raphael Alves
Entre 2000 e 2016, quase 55 milhões de hectares de florestas desapareceram na América Latina

Insegurança Alimentar

A seca também fez baixar os níveis dos rios, reduzindo as colheitas e com isso, piorando a insegurança alimentar em várias áreas. 

A OMM revela ainda que entre 1998 e 2020, eventos ligados ao clima e desastres naturais causaram a morte de 312 mil pessoas e afetaram diretamente as vidas de 277 milhões de latino-americanos e caribenhos. 

O ano de 2020 foi o segundo mais quente da América do Sul e esteve entre os três mais quentes da América Central e do Caribe. Grandes ondas de calor afetaram a região, com muitos países sul-americanos registrando temperaturas acima de 40°C.  

A seca também fez baixar os níveis dos rios, reduzindo as colheitas e com isso, piorando a insegurança alimentar em várias áreas
OPS Colombia/Karen González Abr
A seca também fez baixar os níveis dos rios, reduzindo as colheitas e com isso, piorando a insegurança alimentar em várias áreas

Amazônia 

O levantamento da OMM também destaca que as perdas florestais têm contribuído bastante para a mudança climática, devido às emissões de dióxido de carbono na atmosfera. 

Entre 2000 e 2016, quase 55 milhões de hectares de florestas desapareceram na América Latina, representando 91% das perdas florestais no mundo todo. 

Os incêndios na América do Sul ocorreram com mais frequência em 2020 do que em 2019, causando “danos irreversíveis aos ecossistemas”. 

A bacia do rio Amazonas, que atravessa nove países e armazena 10% do carbono global, tem enfrentado grandes desmatamentos nos últimos quatro anos, consequência de incêndios e da “limpeza” das florestas para pastagem de gado. 

O estudo da OMM traz também uma seção sobre as geleiras no Chile e na Argentina, que estão derretendo de forma acelerada desde 2010, em linha com o aumento das temperaturas.