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“O Afeganistão não deve ser nunca mais usado como porto seguro para terroristas” BR

O secretário-geral da ONU pediu apoio para combater a ameaça terrorista no Afeganistão durante encontro do Conselho de Segurança
ONU/Manuel Elias
O secretário-geral da ONU pediu apoio para combater a ameaça terrorista no Afeganistão durante encontro do Conselho de Segurança

“O Afeganistão não deve ser nunca mais usado como porto seguro para terroristas”

Paz e segurança

No Conselho de Segurança, secretário-geral da ONU faz apelo por união da comunidade internacional; António Guterres está preocupado com violações dos direitos básicos de mulheres e meninas. 

A situação no Afeganistão foi debatida pelo Conselho de Segurança nesta segunda-feira. O secretário-geral da ONU falou ao grupo e pediu apoio para combater a ameaça terrorista no país.

António Guterres disse que “a comunidade internacional precisa estar unida para garantir que o Afeganistão nunca mais seja usado como plataforma ou porto seguro de organizações terroristas.”

Cabul, capital do Afeganistão
Foto: ADB/Jawad Jalali
Cabul, capital do Afeganistão

Ameaça Global 

Ele fez um apelo ao Conselho de Segurança por trabalho e ações em conjunto, “usando todas os meios possíveis para conter a ameaça global terrorista e garantir o respeito aos direitos humanos básicos.”

Guterres está preocupado principalmente com violações dos direitos de mulheres e de meninas, que “temem um retorno aos tempos mais sombrios”. 
O chefe da ONU lembrou que as afegãs esperam da comunidade internacional apoio, uma vez que foi “essa mesma comunidade que garantiu que elas teriam oportunidades, acesso à educação e liberdades individuais.”

Famílias no Afeganistão fugiram de suas casas devido ao conflito e agora vivem em campos de deslocados internos em Kandahar
© Unicef Afeganistão
Famílias no Afeganistão fugiram de suas casas devido ao conflito e agora vivem em campos de deslocados internos em Kandahar

Caos e medo 

O secretário-geral afirmou que o mundo observa o que está acontecendo no país com grande inquietação e citou o “caos, a agitação, a incerteza e o medo”. 

Segundo Guterres, o que está em jogo são os “sonhos de uma geração de jovens do Afeganistão”.

Ao movimento Talebã, ele pediu moderação máxima e que garantam o acesso à ajuda humanitária. O conflito obrigou centenas de milhares de pessoas a abandonar suas casas e a capital, Cabul, está abrigando um grande número de deslocados internos.

Por isso, o secretário-geral quer a proteção dos civis, já que 18 milhões estão sendo afetados pelo lado humanitário da crise, e faz um apelo para que o mundo não abandone os afegãos.

Deslocados pela insegurança no Afeganistão abrigados em um acampamento na província ocidental de Herat
OIM/ Muse Mohammed
Deslocados pela insegurança no Afeganistão abrigados em um acampamento na província ocidental de Herat

Funcionários da ONU

Guterres destacou que existem funcionários e escritórios da ONU em locais que já estão sob o controle do Talebã, mas garantiu que até o momento, esses espaços têm sido respeitados. Ele pediu ao grupo para “honrar a integridade e a inviolabilidade de instalações e de enviados diplomáticos.”

O embaixador do Afeganistão, Ghulam M. Isaczai, está preocupado com a possibilidade do Talebã não respeitar o trato feito nas negociações de Doha e citou “as execuções em massa de militares e a morte de civis em Kandahar e outras grandes cidades do país.”

Crianças que vivem no campo de deslocados de Haji, em Kandahar, no Afeganistão, não têm mais acesso à escola
© Unicef Afeganistão
Crianças que vivem no campo de deslocados de Haji, em Kandahar, no Afeganistão, não têm mais acesso à escola

Abertura de fronteiras

O embaixador pediu ajuda para que o mesmo não aconteça na capital Cabul. Ghulam Isaczai lembrou que houve a “oportunidade de evitar uma guerra civil e que o país se tornasse um Estado pária.”

O representante pediu ainda às nações vizinhas para manterem suas fronteiras abertas a todos que estão escapando e defendeu o estabelecimento de um governo de transição inclusivo e representativo com a participação de mulheres e de grupos étnicos. 

Ele fez ainda um apelo ao Conselho de Segurança e às Nações Unidas, “para não reconhecerem nenhuma administração que chegue ao poder com o uso da força.”