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Especialistas querem moratória global na venda de tecnologia de vigilância BR

Venda de tecnologia de vigilância não respeita direitos humanos, afirmam relatores
Acnur/Firas Alkhateeb
Venda de tecnologia de vigilância não respeita direitos humanos, afirmam relatores

Especialistas querem moratória global na venda de tecnologia de vigilância

Direitos humanos

Relatores defendem regulamentação forte para garantir cumprimento a padrões internacionais de direitos humanos; equipe considera “perigoso e irresponsável” que setor opere em “zona livre”; equipamentos são utilizados para monitorar, intimidar e silenciar jornalistas, opositores políticos e ativistas. 

Um grupo de relatores* da ONU para os Direitos Humanos está pedindo uma moratória global na venda e na transferência de tecnologia de vigilância. Os especialistas sugerem a medida até haver garantias de que o setor cumpre com padrões internacionais de direitos humanos.  

Segundo os relatores, “é muito perigoso e irresponsável” permitir que este tipo de tecnologia opere numa “zona sem direitos humanos”.  

Com o aumento global das moedas digitais particulares, as respostas nacionais são mais desafiadoras
Banco Mundial/Simone D. McCourtie
Com o aumento global das moedas digitais particulares, as respostas nacionais são mais desafiadoras

Intimidações  

A preocupação do grupo está ligada com o uso de equipamentos altamente sofisticados para “monitorar, intimidar e silenciar defensores de direitos humanos, jornalistas e opositores políticos”. 

Num comunicado divulgado esta quinta-feira, 12 de agosto, os relatores explicam que essas práticas violam os “direitos à liberdade de expressão, à privacidade, à liberdade e podem colocar em perigo as vidas de centenas de pessoas, além de minar a democracia, a paz, a segurança e a cooperação internacional”. 

Relatores de direitos humanos defendem moratória globbal
ITU/A.Mhadhbi
Relatores de direitos humanos defendem moratória globbal

Pegasus  

Em 18 de julho, a Anistia Internacional e a ONG Forbidden Stories ou Histórias Proibidas publicaram um relatório expondo a vigilância a celulares de centenas de jornalistas, líderes políticos e defensores de direitos, usando o software espião Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group.  

Para os relatores da ONU, a empresa precisa divulgar publicamente se conduziu, ou não, as devidas diligências de direitos humanos, de acordo com os Princípios da ONU sobre Negócios e Direitos Humanos.   

Os especialistas pedem também a Israel para divulgar se o país avaliou as transações de exportação feitas pelo NSO Group, uma vez que “é obrigação dos  

Estados garantir que essas empresas não vendam nem transferam tecnologia a países ou entidades que pretendem usar os dados para violar os direitos humanos”.   

*Especialistas de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.  

O comunicado foi firmado por: Irene Khan, relatora especial da ONU para a promoção e proteção do direito à Liberdade de expressão; Mary Lawlor, relatora especial para a situação dos defensores de direitos humanos; Mr. Clement Nyaletsossi Voulé, relator especial para os direitos à manifestação pacífica; além do Grupo de Trabalho da ONU sobre a questão de direitos humanos e corporações transnacionais e empresas de negócios.