Brasil entre economias onde aumento de preços de commodities elevou receitas
Estudo adverte sobre países da América Latina e Caribe com volumes de exportação paralisados ou em queda; região é recomendada a se preparar melhor para futuros choques como efeito da incerteza nos mercados e dependência de bens de consumo.
As economias da América Latina e do Caribe devem aumentar sua resiliência aos choques, na sequência dos aumentos dos preços das commodities ocorridos nos últimos meses durante a pandemia.
A recomendação é de novo estudo da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento, Unctad, que analisou as flutuações nos custos de bens básicos e a volatilidade do fluxo de capital na região.
Exportação
A publicação destaca casos onde a alta de custos dos bens de consumo impulsionou as receitas, mas os volumes de exportação estão estagnados ou em queda.

O Brasil é citado como um desses exportadores pelo aumento do preço de oleaginosas em 24,3% no primeiro semestre do ano, comparado ao mesmo período de 2020. A situação é acompanhada de uma ligeira baixa nos volumes de exportação.
A Unctad observa que aumentar os preços das commodities afeta negativamente os saldos comerciais dos importadores. No caso de alimentos e combustíveis, a subida elevou ainda mais os custos de importação e pode fazer disparar as taxas de pobreza e de insegurança alimentar.
A agência realça que esse cenário nem sempre é bom para os países dependentes de commodities, que totalizam 14 das 33 economias da região. Elas contam com pelo menos 60% da receita total vinda da exportação de mercadorias. Outras sete nações têm uma participação destes bens básicos entre 50% a 60%.
Incerteza
Apesar de o papel de produtos básicos ser vital para as várias economias da região, o estudo ressalta que é preciso aumentar a resiliência a choques futuros considerando os altos níveis tanto da incerteza nos mercados de commodities, como da dependência.

Atualmente, os preços das matérias-primas têm subido com a recuperação da atividade econômica mundial impulsionada pelos avanços nos esforços de vacinação e relaxamento das restrições de movimento.
A Unctad também observa uma melhora das expectativas dos investidores e consumidores, o que contribui para a alta de custos de commodities. Em especial estão a energia, os minerais e os metais.
Alguns fatores associados à transição energética global também podem estar contribuindo para a evolução dos preços no longo prazo, realça a Unctad.
As constatações do estudo servirão de base de discussões no Fórum Global de Commodities, agendado para meados de setembro.