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Violência no Afeganistão mata pelo menos 27 crianças em três dias  BR

Um menino de cinco anos cuida de seu irmão mais novo em um campo de deslocados em Kandahar, sul do Afeganistão
Unicef/Afeganistão
Um menino de cinco anos cuida de seu irmão mais novo em um campo de deslocados em Kandahar, sul do Afeganistão

Violência no Afeganistão mata pelo menos 27 crianças em três dias 

Paz e segurança

Unicef aponta atrocidades como prova da “natureza brutal e do tamanho dos confrontos”; cada vez mais menores integram grupos armados; ONU preocupada com sobrevivência e respeito de direitos das mulheres.  

As Nações Unidas informaram que pelo menos 27 crianças perderam a vida no Afeganistão em três dias de violentos combates entre o Talebã e as forças do governo. 

O Fundo da UNU para a Infância, Unicef, disse que está chocado com a “rápida escalada de graves violações contra menores” atribuídas às milícias. Segundo agências de notícias, elas têm avançado desde a escalada da violência no Afeganistão. 

Operações 

Os ataques em quase todo o país se intensificaram com o anúncio da retirada de forças estrangeiras, lideradas pelos Estados Unidos, após 20 anos de operações em território afegão. 

A agência da ONU diz que 27 crianças foram mortas e 130 ficaram feridas nas províncias de Kandahar, Khost e Paktia.  

Deslocados pela insegurança no Afeganistão abrigados em um acampamento na província ocidental de Herat
OIM/ Muse Mohammed
Deslocados pela insegurança no Afeganistão abrigados em um acampamento na província ocidental de Herat

 

O representante do Unicef no Afeganistão contou que as atrocidades “aumentam a cada dia”. Hervé Ludovic De Lys  alerta que estes “não são números e que “cada uma dessas mortes e, cada caso de sofrimento físico, é uma tragédia pessoal.”  

Recrutamento  

Para o Unicef, “essas atrocidades também são a prova da natureza brutal e da escala da violência no Afeganistão atacando crianças já vulneráveis.” 

Relatos sobre crianças “cada vez mais recrutadas para o conflito por grupos armados também causam “profunda apreensão”. O Unicef ressalta que muitos outros meninos e meninas estão traumatizados após testemunharem atrocidades contra suas famílias e outras pessoas em comunidades. 

Em nota separada, o subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, disse estar extremamente preocupado com o agravamento da situação que matou ou feriu mais de 1 mil afegãos num mês. 

 Mulheres e crianças deslocadas na província de Saripul, no norte do Afeganistão.
Foto: Unama/Eric Kanalstein
Mulheres e crianças deslocadas na província de Saripul, no norte do Afeganistão.

O chefe humanitário apontou vítimas civis nas províncias de Helmand, Kandahar e Herat, dizendo que “crianças, mulheres e homens afegãos estão sofrendo e são forçados a viver com violência, insegurança e medo todos os dias.” 

Mulheres  

Quanto às mulheres as grandes razões de apreensão são a sobrevivência e o respeito os direitos humanos básicos. 

Griffiths lembra que 40 anos de guerra e deslocamento, agora agravados por choques climáticos e pela Covid-19 “deixaram quase metade da população do Afeganistão com necessidade de ajuda de emergência”. 

Interferência 

Reiterando o apelo ao cessar-fogo da ONU, ele lembrou que várias entidades humanitárias continuarão a operar de maneira “neutra e imparcial, mas precisam de acesso desimpedido”.  

O setor humanitário também precisa de garantias de que seus trabalhadores e prestadores de serviços podem fornecer ajuda e trabalhar sem interferência. 

O chefe humanitário apelou a todas as partes do conflito a observar as obrigações do direito internacional humanitário e de direitos humanos, incluindo a responsabilidade de proteger civis e garantir acesso aos necessitados.