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Unfpa receia que Moçambique deixe de ser referência no uso de contraceptivos  BR

Agência da ONU promove campanhas para mulheres deslocadas e nas comunidades
UNFPA Moçambique
Agência da ONU promove campanhas para mulheres deslocadas e nas comunidades

Unfpa receia que Moçambique deixe de ser referência no uso de contraceptivos 

Saúde

Efeitos da pandemia e do conflito no extremo norte são fatores que baixam acesso aos produtos; Unfpa apoia provisão de saúde sexual e reprodutiva para  mais de 140 mil mulheres; Cabo Delgado terá maior atuação de clínicas móveis temporárias.

O uso de contraceptivos tende a baixar devido à limitações nos serviços que são causadas pela pandemia e o conflito no extremo norte de Moçambique. 

Há cinco anos, o país tinha quatro em cada cinco mulheres usando métodos para evitar a gravidez e era uma referência internacional. Hoje, há menos uma usuária na mesma proporção.

Colaboração

O Fundo da ONU para a População, Unfpa, ajuda mais de 140 mil mulheres a ter acesso ao serviço de saúde sexual reprodutiva. Atuando com o governo e parceiros, a meta da agência é permitir um maior acesso aos contraceptivos. 

Unfpa aspira aumentar acesso aos contraceptivos
Karlina Salu/Unfpa Moçambique
Unfpa aspira aumentar acesso aos contraceptivos

 

Falando à ONU News, de Maputo, representante adjunto interino do Unfpa, Eduardo Celades, justificou a tendência de redução do uso de contraceptivos no país. 

“Moçambique tem sido um dos países do mundo que mais tem aumentado a utilização de contraceptivos. Em 2020, cerca 36% das mulheres tinham acesso a contraceptivos, embora estes ganhos agora estão em risco. Temos a situação no norte com o conflito, temos também a pandemia da Covid-19 que tem afetado a provisão do serviço.” 

Pandemia impacta uso de contraceptivos em Moçambique

Acesso

Em relação ao acesso, o representante interino citou o método aplicado para que mulheres e meninas possam beneficiar dos serviços de saúde. A atuação acontece  nas províncias de Sofala, Nampula, Zambézia, Gaza, Manica. 

“Com a pandemia, muitas mulheres não conseguem ir as unidades de saúde. Então, estamos a apoiar brigadas móveis que conseguem deslocar se às comunidades. Desde janeiro temos apoiado mais de 140 mil mulheres para ter acesso ao serviço de saúde sexual reprodutiva em cinco províncias. Estamos a trabalhar com APEs e ativistas, a nível comunitário, para aumentar a oferta contraceptiva para mulheres.” 

O único lusófono com um Plano de Resposta Humanitária a ser coberto pela ONU é Moçambique
Acnur Moçambique
O único lusófono com um Plano de Resposta Humanitária a ser coberto pela ONU é Moçambique

 

O deslocamento interno causado pela violência ou desastres ambientais, incluindo o ciclone Kenneth de 2019, deixou mais de 1,3 milhão de moçambicanos precisando de assistência no norte.

Infecções

Na região, o acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva é restrito. Mulheres merecem atenção particular por corresponderem a cerca de um terço dos deslocados do conflito em Cabo Delgado. No total já ultrapassam 730 mil pessoas. 

“Finalmente de forma específica em Cabo Delgado estamos a intensificar os esforços com governo e parceiros para criação de clínicas móveis temporárias, com brigadas móveis, para acelerar o acesso a contraceptivos com campanhas para mulheres deslocadas e mulheres das comunidades. Nós achamos que, todos juntos, podemos conseguir que no país todas as gravidezes sejam desejáveis e também evitar as infecções de transmissão sexual.” 

Para além da avaliação mensal sobre a disponibilidade dos contraceptivos, o Unfpa trabalha com Ministério da Saúde para a adoção do contraceptivo injetável de Sayana Presse e de outros métodos semelhantes.

De Maputo para ONU News, Ouri Pota.