“PMA fica sem comida em Tigray nesta sexta-feira”, alerta chefe da agência
David Beasley usa rede social para pedir acesso ao noroeste etíope; até 170 veículos com destino à área estão retidos; Acnur chama a atenção para milhares de eritreus isolados em acampamentos; número de necessitados chega a 4 milhões.
A última reserva do Programa Mundial de Alimentos, PMA, para a região etíope de Tigray esgota esta semana. Falta acesso para dezenas de caminhões que estavam seguindo para a região marcada por confrontos entre forças do governo e regionais.
Esta terça-feira, o diretor da agência da ONU, David Beasley, usou as redes sociais para alertar que a entidade ficará sem alimentos na sexta-feira.
Fome
O chefe do PMA aponta a necessidade de 100 caminhões por dia para chegar a todos os que se pretende alimentar. Ele disse que 170 caminhões seguindo para Tigray “com alimentos e outros suprimentos estão agora presos em Afar e não podem sair”.
O apelo é para que os caminhões tenham permissão para se movimentar de imediato porque as pessoas estão morrendo de fome.
Acesso rápido, livre e desimpedido para cerca de 4 milhões de pessoas foi pedido pela agência após anunciar a retoma de voos comerciais na última quinta-feira, um mês após terem sido interrompidos.
A população necessitada corresponde a 70% dos habitantes de Tigray. Os civis enfrentam altos níveis de insegurança alimentar aguda e precisam de assistência emergencial.
Trabalhadores
Além de transportar alimentos, o Serviço Aéreo Humanitário das Nações Unidas, Unhas, chegou à capital da região de Tigray, Mekelle, com 30 trabalhadores humanitários de várias agências de auxílio.
Em nota separada, a Agência da ONU Para Refugiados, Acnur, expressou extrema preocupação com o destino de milhares de refugiados eritreus isolados em dois acampamentos de refugiados em Tigray.Os combates entre grupos armados aumentam no interior e arredores.
Na região de Mai Tsebri vivem cerca de 24 mil eritreus, em Mai Aini e Adi Harush. Nesses acampamentos eles enfrentam intimidação, assédio e “vivem em constante medo, sem assistência humanitária”.
Morte
Em Mai Aini morreu pelo menos um refugiado, vítima da ação de homens armados operando no acampamento. O último episódio fatal aconteceu em meados de julho.
O Acnur pede a todas as partes em conflito que mantenham suas obrigações de acordo com o Direito Internacional. A agência realça “o respeito ao caráter civil dos acampamentos” e aos direitos de proteção dos refugiados e civis de confrontos.