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Para a OMS, uso da tecnologia mRNA é um passo ambicioso e significativo para o fim da malária

Após uso em vacina contra Covid-19, tecnologia mRNA terá como alvo a malária   BR

Universidade de Oxford/John Cairns
Para a OMS, uso da tecnologia mRNA é um passo ambicioso e significativo para o fim da malária

Após uso em vacina contra Covid-19, tecnologia mRNA terá como alvo a malária  

Saúde

Farmacêutica alemã BioNTech anuncia primeiros ensaios clínicos a partir de 2022 na África; expectativa do diretor-geral da OMS é que iniciativa ajude de forma “significativa e duradoura” a assegurar suprimento confiável de vacinas na região. 

A Organização Mundial da Saúde, OMS, assegurou que irá cooperar com os parceiros que pretendem usar a tecnologia mRNA para fabricar um imunizante contra a malária. 

Nesta segunda-feira, a farmacêutica alemã BioNTech anunciou a intenção de usar esta tecnologia, que está por trás de sua vacina contra o coronavírus, agora para combater a malária.  

Covid-19  

A técnica pode estimular a produção de vacinas que carregam instruções que direcionam o corpo a produzir uma pequena quantidade de proteína, que ao ser detectada pelo sistema imunológico, permite que o organismo produza anticorpos.  

Grupo multilateral pediu ainda a todos os países que eliminem as restrições à exportação
RDIF/Stas Zalesov-Nakashidze
Grupo multilateral pediu ainda a todos os países que eliminem as restrições à exportação

O diretor-geral da agência disse que há 18 meses, a maioria das pessoas fora do mundo das ciências humanas nunca tinha ouvido falar da tecnologia mRNA. Mas a eficácia muito elevada de duas vacinas para a Covid-19 mostrou ao mundo quão poderosa esta tecnologia pode ser contra muitas doenças, incluindo a malária.  

As declarações foram feitas no evento virtual “Combate a Doenças Infecciosas - Esforços Conjuntos na África”.  

No discurso, o chefe da OMS disse ainda que a pandemia também demonstrou a necessidade urgente de se investir na ampliação da capacidade de produção de vacinas locais, especialmente na África. 

Segurança 

A iniciativa conta com a parceria do Banco Europeu de Investimentos e da Fundação Bill e Melinda Gates. A BioNTech espera que até o final de 2022 iniciem os ensaios clínicos para uma "vacina contra a malária segura e altamente eficaz".  

Tedros Ghebreyesus disse que são reportados mais de 200 milhões de casos anuais da malária, na maioria em mulheres e crianças africanas.  

Trabalhadora de saúde prepara teste de malária.
OMS/Paho
Trabalhadora de saúde prepara teste de malária.

 

Ele citou uma pesquisa feita em 105 países, revelando que diagnósticos da doença foram interrompidos pela pandemia. O chefe da OMS vê muito trabalho por fazer para ter um mundo livre da doença, que carece de “novas ferramentas para essa visão, incluindo novas vacinas”.  

A busca de uma vacina contra a malária decorre há várias décadas. Há seis anos foi aprovado o primeiro imunizante do mundo. Há apenas dois começou um programa-piloto em Gana, Quênia e Malauí, que vacinou 700 mil crianças numa iniciativa “com resultados iniciais promissores”. 

Imunizante 

A OMS destacou que fará uma revisão das recomendações para uso mais amplo do imunizante nos próximos meses, mas que já é sabido que “no futuro serão necessárias mais e melhores vacinas”. 

A empresa alemã, que desenvolveu a primeira vacina de coronavírus juntamente com a norte-americana Pfizer, anunciou que também está procurando estabelecer uma unidade de produção de vacina de mRNA na África. 

A região enfrenta desafios de fornecimento suficiente de doses da vacina Covid-19. Sobre a questão, a BioNTech revelou estar trabalhando com parceiros para “avaliar como estabelecer capacidades sustentáveis de fabricação de mRNA no continente africano para fornecer vacinas”.  

Menina com malária em Maganja da Costa, Moçambique
Unicef/UNO0255283/Chris Steele-Perkins
Menina com malária em Maganja da Costa, Moçambique

 

A expetativa é que com as novas instalações seja possível ter várias vacinas baseadas em mRNA. Para Tedros Ghebreyesus, esse é ainda um “longo caminho a percorrer. Mas um passo ambicioso e significativo nessa estrada.” 

Parceiros  

O chefe da OMS ressaltou o empenho da agência em caminhar e trabalhar nesse sentido com os parceiros até se “chegar ao destino: um mundo sem malária”.  

A China é o último dos 40 países já declarados livres da malária, mas em várias nações “o progresso estagnou em um nível inaceitavelmente baixo”.  

Ghebreyesus destacou a esperança de que este projeto seja “uma contribuição significativa e duradoura para garantir que o continente africano tenha um suprimento confiável de vacinas de alta qualidade produzidas localmente”.  

Ele realçou ainda a aposta na parceria como um fator-chave para erradicar a malária ao agradecer o investimento “na tecnologia de mRNA, que está ajudando a salvar vidas da Covid-19, e que somente se conhece há um ano e meio”.   

 Um trabalhador de saúde no Malauí se prepara para administrar a nova vacina contra a malária
PATH
Um trabalhador de saúde no Malauí se prepara para administrar a nova vacina contra a malária