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Enchentes e tempestades dominaram os desastres naturais nos últimos 50 anos BR

Equipes de resgate retiram moradores das águas das enchentes na província chinesa de Henan
China Fire and Rescue
Equipes de resgate retiram moradores das águas das enchentes na província chinesa de Henan

Enchentes e tempestades dominaram os desastres naturais nos últimos 50 anos

Clima e Meio Ambiente

Análise da Organização Meteorológica Mundial mostra que perdas econômicas ultrapassaram US$ 630 bilhões; província da China registrou em poucos dias um volume de chuvas esperado para o ano todo. 

Uma análise da Organização Meteorológica Mundial, OMM, mostra que enchentes e tempestades dominaram a lista de desastres naturais nos últimos 50 anos. O impacto é histórico tanto em relação às mortes quanto aos prejuízos econômicos.

Os desastres que mais ceifaram vidas foram as secas, com 605 mil. A seguir estão as tempestades que causaram mais de 577 mil óbitos, as enchentes com 58,7 mil, e as temperaturas extremas com 55,7 mil óbitos.

Menino carregando água em acampamento em Bangladesh.
Unicef/Patrick Brown
Menino carregando água em acampamento em Bangladesh.

Economia 

O Atlas da Mortalidade e das Perdas Econômicas devido ao Clima traz dados de 1970 a 2019. Neste período, as tempestades causaram prejuízos na ordem dos US$ 521 bilhões. As perdas com as cheias chegaram a US$ 115 bilhões. 

A OMM destaca que no período analisado, os desastres ligados ao clima e aos perigos da água foram responsáveis por 45% das mortes e de 74% dos prejuízos econômicos em nível global. 

Ao lançar o relatório, em Genebra, o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, mencionou “as chuvas torrenciais e as enchentes destruidoras que causaram, recentemente, mortes tanto na Europa como na China”.

Moçambique é o terceiro país africano mais vulnerável a desastres naturais ocorrido no caso de chuvas de grande proporção que provoquem risco de inundações.
ONU Moçambique
Moçambique é o terceiro país africano mais vulnerável a desastres naturais ocorrido no caso de chuvas de grande proporção que provoquem risco de inundações.

Onda de Calor 

Taalas também destacou as ondas de calor na América do Norte, que estão ligadas ao aquecimento global. O chefe da OMM explicou que a atmosfera tem ficado mais quente, com mais umidade. Como consequência, chove mais forte e os riscos de enchentes aumentam. 

De acordo com Taalas, nenhum país está imune, pois a “mudança climática está aqui e acontecendo agora”. A OMM destaca alguns eventos extremos que aconteceram recentemente na Europa e na Ásia.

Estudos nos EUA apontam para a influência de mudanças climáticas nas recentes ondas de calor
Unsplash/Alex Mertz
Estudos nos EUA apontam para a influência de mudanças climáticas nas recentes ondas de calor

Alemanha e China 

Na Alemanha, o volume de chuvas registrado entre os dias 14 e 15 de julho foi o equivalente a dois meses de precipitação. Além da Alemanha, as enchentes atingiram Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Suíça, causando dezenas de mortes. 

Nesta semana, as cheias causaram estragos na China. Na província de Zhengzhou caiu no espaço de seis horas uma quantidade de chuvas geralmente registrada em seis meses.

Entre os dias 17 e 21 de julho, o acúmulo de chuvas na província chinesa de Henan foi maior do que a média anual, causando enchentes. Segundo a OMM, 600 estações meteorológicas registraram um volume recorde de chuvas na China. 

As inundações afetaram cidades em toda a Europa, incluindo Zurique, na Suíça.
Unsplash/Claudio Schwarz
As inundações afetaram cidades em toda a Europa, incluindo Zurique, na Suíça.

Balanço Europeu 

Segundo a agência, vários estudos confirmam a influência humana nesses eventos chuvosos extremos. Mas apesar das tragédias serem recorrentes, o total de mortes por desastres naturais está caindo no geral, graças a melhorias nos sistemas de alerta e de resposta aos desastres. 

A Europa, por exemplo, registrou 1,672 desastres e mais de 159 mil mortes entre 1970 e 2019. Os prejuízos causados por enchentes, tempestades e temperaturas extremas bateram os US$ 476,5 bilhões. 

Duas grandes ondas de calor em 2003 e 2019 foram responsáveis quase 128 mil mortes no continente europeu.