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Quase metade das crianças vivendo com HIV não recebe tratamento BR

Crianças soropositivas não estão recebendo antiretrovirais
© UNICEF/Manuel Moreno Gonza
Crianças soropositivas não estão recebendo antiretrovirais

Quase metade das crianças vivendo com HIV não recebe tratamento

Saúde

Levantamento da Unaids mostra ainda 150 mil menores de idade infectados no ano passado; mais de um terço não foram testados; sem medicamentos, metade das crianças soropositivas pode morrer antes de completar dois anos.  

Pela primeira vez, houve declínio no total de crianças que recebem tratamento para o HIV. Quase metade entre 1,7 milhões de menores soropositivos não foi tratado no ano passado. 

O levantamento é do Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids, Unaids, que destaca ainda 150 mil novas infecções registradas entre crianças em 2020. O total é quatro vezes maior do que a meta estipulada, que era de 40 mil novos casos entre menores de idade. 

Uma parteira prepara remédios para um bebê HIV-positivo de duas semanas em Uganda.
Unicef/Jimmy Adriko
Uma parteira prepara remédios para um bebê HIV-positivo de duas semanas em Uganda.

 

Mortes  

Ao publicar o relatório, em Genebra, na Suíça, a agência destaca que estão sendo perdidas várias oportunidades de identificar recém-nascidos e crianças pequenas com HIV. A razão é que não estão sendo testados mais de um terço dos bebês que nascem de mães soropositivas.  

O Unaids revela que sem tratamento, 50% das crianças com o vírus morrem antes do segundo aniversário. A vice-diretora do Unaids, Shannon Hader, lembra que há 20 anos, começaram as iniciativas para prevenir a transmissão vertical e evitar que as crianças morram de Aids. 

Mulher recebe medicamento para HIV para seu recém-nascido
Unicef/Frank Dejongh
Mulher recebe medicamento para HIV para seu recém-nascido

Liderança  

Mas apesar dos progressos, as metas em relação às crianças soropositivas não estão sendo alcançadas. Elas têm 40% a menos de chances do que os adultos de receberem tratamento. Além disso, os menores representam 15% das mortes relacionadas à Aids. 

O Unaids faz um apelo por mais liderança, ativismo e investimentos. Já a Organização Mundial da Sáude, OMS, destaca que a “comunidade com HIV tem um histórico de combater desafios sem precedentes e por isso, é necessária a mesma energia e perserverança para cuidar dos mais vulneráveis, as crianças”.  

Três Medidas  

O relatório cita três ações necessárias para acabar com novas infecções de HIV entre crianças. A primeira é testar todas as grávidas e fornecer tratamento o quanto antes, para evitar que os bebês nasçam com o vírus.  

A segunda ação é garantir a continuação do tratamento e da supressão viral durante a gravidez e a amamentação. Segundo o Unaids, 38 mil crianças foram infectadas porque as mães não receberam o tratamento adequado nessas duas fases. 

Em Côte d’Ivoire, conselheiro da Unicef informa adolescente sobre antiretrovirais
Unicef/Olivier Asselin
Em Côte d’Ivoire, conselheiro da Unicef informa adolescente sobre antiretrovirais

 

Adolescentes  

O terceiro objetivo é evitar novas infecções por HIV entre mulheres que estão grávidas ou amamentando.  

De acordo com o levantamento, houve progressos na prevenção do vírus entre as adolescentes e as jovens: queda de 27% de novas infecções  entre 2015 e 2020.  

Por outro lado, a Covid-19 e o fechamento das escolas prejudicaram muitos programas educacionais e de saúde sexual e reprodutiva para adolescentes, o que mostra ser urgente redobrar os esforços de prevenção no grupo.