Cresce apelo para reabertura de escolas em véspera de reunião de educação global BR

Evento juntando representantes de governos será realizado esta terça-feira na sede das Nações Unidas; agências defendem que medida seja imediata e segura para evitar uma catástrofe; decisão deve ser após uma análise de risco e considerações em comunidades locais.
Agências das Nações Unidas pedem que políticos e governos priorizem a reabertura segura das escolas em todo o mundo, para evitar uma “catástrofe” nessa geração de estudantes.
Nesta terça-feira, a sede da organização acolhe a Reunião de Educação Global, que acontece às margens do Fórum Político de Alto Nível para o Desenvolvimento Sustentável de 2021.
Especialistas do Brasil abordaram recentemente o assunto em um encontro que juntou as áreas de saúde e educação, gestão pública municipal, governo federal, sociedade civil, sindicatos, além de estudantes de escolas públicas.
Em vídeo, a representante da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, no Brasil, disse que o momento é para rever currículos. Marlova Noleto defende uma união esforços para compensar a perda de um ano e meio devido a ações para travar a pandemia.
“Nesse momento, é preciso que haja uma comunicação grande entre os serviços de saúde, a vigilância epidemiológica, a área educacional, os professores, as famílias e de toda a comunidade escolar para que juntos nós possamos planejar a reabertura segura das escolas. Nós sabemos também que os nossos alunos, muitas vezes, têm nas escolas a única refeição do dia e têm um ambiente de proteção e de cuidados.”
Em nível global, a Unesco emitiu um comunicado com o Fundo da ONU para a Infância, Unicef. A declaração realça que, passados 18 meses desde o início da Covid-19, a educação de milhões de crianças ainda está interrompida.”
Escolas primárias e secundárias continuam fechadas em 19 países, afetando mais de 156 milhões de alunos. Para as duas agências, a situação não pode continuar. O comunicado realça que estes centros educacionais devem ser os últimos a fechar e os primeiros a reabrir”.
A declaração realça que houve esforços para limitar a transmissão, mas os governos fecham com muita frequência as escolas e as mantêm encerradas por períodos prolongados, mesmo quando a situação epidemiológica não o justifica.
O comunicado destaca que estas ações foram frequentemente tomadas como um primeiro recurso, e não como o último. Em “muitos casos, as escolas foram fechadas, enquanto os bares e restaurantes permaneceram abertos”.
Para a diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, e a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, as perdas que crianças e jovens sofrerão por não frequentarem a escola podem nunca ser recuperadas.
Os efeitos variam desde perda de aprendizagem, sofrimento mental, exposição à violência e abuso, às refeições escolares e vacinações perdidas ou desenvolvimento reduzido de habilidades sociais. Eles serão sentidos no desempenho acadêmico e no envolvimento social infantil, bem como na saúde física e mental.
Ambas as agências apontam que crianças em ambientes com poucos recursos são geralmente as mais afetadas porque elas não têm acesso a ferramentas de aprendizagem remota. O outro grupo é dos mais novos, que ainda está em “estágios importantes de desenvolvimento”.
Fore e Azoulay defendem que perdas para os pais e encarregados são igualmente pesadas. Manter os filhos em casa obriga a deixar seus empregos, especialmente em países com nenhuma ou limitada política de licença familiar”.
A declaração aponta que estes fatores ditam que a reabertura de escolas para aprendizagem presencial não pode esperar.
Para as chefes de agência não se pode esperar que os casos cheguem a zero. Elas apontam haver “provas claras de que as escolas primárias e secundárias não estão entre os principais fatores de transmissão.”
A declaração defende que o risco de transmissão nas escolas pode ser administrado com uma mitigação adequada das estratégias na maioria dos locais. A base para a decisão de abrir ou fechar escolas deve ser “uma análise de risco e considerações epidemiológicas nas comunidades” onde elas se encontram.
Abordando a questão dos desafios de imunização associada à reabertura das escolas, o comunicado aponta que “não pode esperar que todos os professores e alunos sejam vacinados.”
O argumento é que com a falta global de vacinas que assola os países de baixa e média rendas, “a vacinação dos trabalhadores da linha de frente e dos que correm maior risco de doença grave e morte continuará sendo uma prioridade”.
As duas diretoras defendem que todas as escolas devem oferecer aprendizagem presencial o mais rápido possível, sem barreiras de acesso, incluindo a não- obrigatoriedade de vacinação antes do ingresso.
Elas acrescentaram que fechar escolas hipoteca o futuro em troca de benefícios imprecisos para o presente. A sugestão é que se definam melhor as prioridades reabrindo as escolas com segurança.