Medo de violência e insegurança aumentam após morte do presidente do Haiti
Unicef alerta que situação pode limitar trabalho humanitário; agência já foi obrigada a alterar ações de logística e adota rotas alternativas para o auxílio; pandemia e ação de gangues em Porto Príncipe prejudicam apoio aos menores.
O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, disse estar profundamente preocupado com um cenário de aumento da violência e insegurança dias após o assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moise.
A situação pode colocar mais desafios à ação humanitária no país. Quase um terço das crianças haitianas, ou 1,5 milhão, precisa urgentemente de ajuda emergencial.
Covid-19
O aumento da violência e os furacões limitam o acesso a recursos essenciais como água potável, saúde, serviços de educação e proteção em tempos de Covid-19.
A agência da ONU ressalta que a violência prolongada e a instabilidade podem impedir a entrega e reposição de estoques de itens prioritários para crianças, embora haja suprimentos essenciais.
Os artigos incluem vacinas, remédios e suprimentos médicos, além de materiais para o tratamento de pessoas que sofrem de desnutrição.
O representante do Unicef no Haiti, Bruno Maes, disse que os abrigos improvisados abarrotados que acolhem pessoas que fogem de tiros são os principais locais para a propagação do coronavírus.
Testes
Cerca de 1,1 mil deslocados, incluindo 480 crianças, estão num centro esportivo em Carrefour, uma área a sul de Porto Príncipe.
Em junho, a agência disse precisava de água potável adicional, instalações sanitárias e capacidade de teste de coronavírus, entre outras.
A onda de violência e deslocamento coincidiu com um grande aumento nos casos e mortes pela Covid-19. O mês de junho fechou com mais de 18,5 mil casos confirmados e 425 mortes.
Maes disse que a violência prejudicou a capacidade da Unicef e de outras organizações de fornecer ajuda básica às pessoas deslocadas.
Assistência
O aumento da criminalidade dos gangues e da insegurança têm impedido as operações humanitárias nos arredores de Porto Príncipe.
Um dos esforços para enfrentar a situação foi sofisticar a logística e considerar rotas alternativas para levar assistência de forma mais eficaz às crianças necessitadas.
O apelo da agência é que cesse a violência de gangues para que haja uma passagem segura para chegar às famílias com assistência humanitária nas áreas mais afetadas de Porto Príncipe.
Para este ano, a agência conseguiu pouco menos de um terço dos US$ 48,9 milhões necessários para atender às necessidades humanitárias de 1,5 milhão de haitianos, incluindo mais de 700 mil crianças.