
Unaids alerta sobre aumento de contaminação com HIV entre meninas na África
Desequilíbrio de gênero no poder expõe mulheres e meninas a maiores riscos de contrair HIV; 6 em cada sete novas infecções entre adolescentes de 15-19 anos de idade são meninas; cerca de 4,2 mil adolescentes e jovens entre 15 e 24 anos foram contaminadas por semana no ano passado.
Cinco agências das Nações Unidas unem esforços para garantir acesso igual das meninas e rapazes à educação secundária gratuita até 2025, mitigando os impactos do HIV sobretudo em mulheres.
O alerta é do Unaids, Programa Conjunto sobre HIV/Aids, ONU Mulheres, Unicef, Unfpa e a Organização para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.
Redução dos riscos
O roteiro de alto nível foi lançado no Fórum Geração Igualdade, que terminou em 2 de julho, em Paris, para acelerar a ação e o investimento, alargando o acesso à educação secundária a todos os jovens e promovendo a saúde e os direitos das adolescentes e jovens mulheres na África Subsaariana.

O foco é garantir a participação significativa e liderança das mulheres, em toda sua diversidade, para incluir as excluídas e vulneráveis e envolver homens enquanto aliados e agentes de mudança. A ideia é eliminar as normas de gênero prejudiciais e masculinidades.
O advento da Covid-19 tornou a educação uma preocupação urgente e o seu impacto socioeconômicos aumentou a exposição das meninas e jovens mulheres à violência no gênero, casamento infantil e gravidez indesejada. Os riscos da mortalidade materna elevaram também as vulnerabilidades de contrair o HIV.
A Diretora Executiva do Unaids espera que a manutenção das meninas na escola secundária reduza o risco de infeção em até um terço ou mais, em locais onde o vírus é comum, o casamento infantil, gravidez precoce e violência sexual e do gênero, conferindo-as habilidades e competências para o seu empoderamento econômico.
Perspectivas de gênero
Para Winnie Byanyima, a liderança política ousada e consistente é necessária para garantir que todas as crianças possam concluir uma rodada completa da educação secundária.

A Iniciativa defende reformas com perspectiva de gênero nas políticas, leis e práticas para garantir a educação, saúde e outros direitos socioeconômicos dos adolescentes e jovens, incluindo mudanças nos requisitos de consentimento dos pais e eliminação de taxas de acesso aos serviços básicos de HIV e da saúde sexual e reprodutiva.
Os protagonistas convocam os países a fazerem dos sistemas de educação ponto de entrada para fornecer um pacote mais holístico de elementos essenciais que o grupo alvo precisa à medida que vai se tornando adulto. As necessidades incluem uma educação sexual abrangente e o direito e saúde sexual reprodutiva.
Pilar de uma nação
A jovem ativista do Benim, Anita Myriam Kouassi quer dos líderes ações concretas, lembrando que o combate às desigualdades e ao analfabetismo permitiriam as meninas assumirem cedo o comando de suas vidas e o controlo das escolhas em torno de seus corpos e saúde.

Ela disse “somos vulneráveis sem saber como nos defender ou fazer as nossas vozes serem ouvidas. Esta é a razão por que não podemos viver sem educação das meninas, a rocha e o pilar de uma nação forte com a para as meninas”.
Cinco países africanos já aderiram a iniciativa que compreende uma ampla gama de compromissos para lidar com o elevado número de meninas adolescentes e jovens mulheres que contraem e morrem de doenças ligadas à Aids, entre outras ameaças a sua sobrevivência, bem-estar, direitos humanos e liberdades.
Educação sexual
Os subscritores prometem intensificar, nos próximos três anos, a consciência da educação sexual através de treinamento e desenvolvimento de materiais pedagógicos dedicados, apoiando meninas gravidas e jovens mães em gravidez precoce, fornecendo instalações sanitárias de qualidade e promovendo acesso fácil a pensos higiênicos nas escolas.
Antes de a Covid-19 atacar, cerca de 34 milhões de meninas em idade do ensino secundário seriam privadas de uma educação integral, e estima-se que 24% de meninas adolescentes e mulheres de 15-24 anos na região africana estivessem fora da educação, formação ou emprego. Nos rapazes, a cifra era de 14,6%.
Segundo os dados, um em cada quatro jovens da mesma idade são analfabetos e o Unicef estima que em 2020 o encerramento de escolas por conta da pandemia tenha afetado cerca de 250 milhões de estudantes e o temor é que milhões deles nunca mais possam voltar a sala de aula.
De Bissau, Amatijane Candé para a ONU News.
