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Pandemia terá impacto no desenvolvimento e nos planos que previam a passagem de Angola para economia de desenvolvimento médio

ONU aborda desafios econômicos após pandemia e cita exemplo angolano   BR

© Unicef Angola/2019/Carlos César
Pandemia terá impacto no desenvolvimento e nos planos que previam a passagem de Angola para economia de desenvolvimento médio

ONU aborda desafios econômicos após pandemia e cita exemplo angolano  

ODS

Transição de Angola para economia de desenvolvimento médio poderá ser adiada; Relatório de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ressalta urgência e cooperação para equilibrar acesso a vacinas. 

As Nações Unidas lançaram esta terça-feira a edição de 2021 do Relatório de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs. 

O documento é avaliado no Fórum Político de Alto Nível, em Nova Iorque, e recomenda à comunidade internacional que priorize a criação de condições equitativas para que todos os países se recuperem na pós-pandemia.  

Angola 

Falando sobre o evento, o presidente do Conselho Econômico e Social, Munir Akram, comentou a situação de Angola. No país africano de língua portuguesa, que produz petróleo, a pandemia impactará o desenvolvimento e nos planos que previam a passagem do país para economia de desenvolvimento médio em 2021. 

Hospital Geral de Luanda, em Angola.
OMS/Dalia Lourenço
Hospital Geral de Luanda, em Angola.

 

Munir Akram  ressaltou que com a crise, a transição poderá ser adiada. O balanço das metas globais do país e as discussões no Conselho Econômico e Social abordarão nos próximos dois dias como lidar com desafios, oportunidades, apoios, expectativas e cooperação com parceiros bilaterais e multilaterais. 

Recursos tecnológicos 

O Relatório de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, pede garantias de que as perdas nos ODSs após a crise não se traduzam em uma erosão das capacidades de longo prazo. Por último, recomenda um impulso no conhecimento científico e novos recursos tecnológicos.   

De acordo com a organização, 100 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza extrema e para fome crônica com a Covid-19. Houve ainda a perda de 8,8% de horas laborais, ou 255 milhões de empregos em tempo integral. 

Falando em Nova Iorque, o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Sociais, Liu Zhenmin, disse que o mundo está em momento crítico em busca de atingir a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 

O secretário-geral adjunto para os Assuntos Económicos e Sociais, Liu Zhenmin.
ONU/Eskinder Debebe
O secretário-geral adjunto para os Assuntos Económicos e Sociais, Liu Zhenmin.

Citando dados e estimativas recentes, ele mencionou os efeitos arrasadores da pandemia na vida e nos meios de subsistência das pessoas e nos ODSs.  

Vacinas  

Entre as áreas clamando por ação urgente e coordenada estão saúde, com destaque para acesso a vacinas. Outra meta é lidar com questões causadas pela desaceleração econômica relacionada à pandemia e a crise climática. 

Em relação às interrupções nos serviços essenciais de saúde, o documento chama a atenção para as ameaças aos anos de avanço na melhoria da saúde materno-infantil, cobertura de imunização e redução as doenças, tanto transmissíveis como crônicas. 

O maior risco de infecção pelo coronavírus reside nos mais pobres e frágeis. Estes grupos são ainda os que mais sofrem com as consequências econômicas, diante de um cenário onde a distribuição de vacinas apresenta grandes iniquidades. 

Ele disse que até meados de junho uma média 68 doses da vacina foram administradas para cada 100 pessoas na Europa e na América do Norte. Na África Subsaariana, foram menos de duas.  

Riscos 

O relatório revela existir milhões de crianças correndo o risco de nunca mais voltar à escola e forçadas a se envolver em práticas como casamento e trabalho infantis. 

Indígena recebe vacinação Covid-19 no Brasil
Opas
Indígena recebe vacinação Covid-19 no Brasil

 

Em relação ao estado da crise climática, a ONU aponta que a redução temporária nas atividades humanas resultou em uma queda nas emissões. Mas ressalta que as concentrações de gases de efeito estufa seguiram em alta, batendo novos recordes em 2020. 

Quanto ao caminho a seguir em relação aos ODSs, o documento aponta haver otimismo apesar de histórias de resiliência, adaptabilidade e inovação durante a crise. 

Em nível comunitário, Liu destacou a resiliência, a rápida expansão da proteção social, a aceleração da transformação digital e a “colaboração única para desenvolver vacinas e tratamentos essenciais em tempo recorde”. 

Dados 

A ONU recomenda ainda a produção de dados oportunos e de alta qualidade um ano após o início da pandemia.  

Cerca de 60 países reportaram taxas de infecção e mortalidade pela Covid-19, organizados por idade e sexo e acessíveis ao público.  

Para a Unesco, a inteligência artificial é boa para a humanidade e precisa ter seus riscos reduzidos
Unsplash/Michael Dziedzic
Para a Unesco, a inteligência artificial é boa para a humanidade e precisa ter seus riscos reduzidos

O estudo considera que tais informações são agora mais essenciais do que nunca, o que requer um tratamento do tema como um ativo estratégico e uma prioridade nos esforços de reconstrução.  

Para as Nações Unidas, o aumento do financiamento na área de dados é essencial em níveis nacional e internacional.

Economias  

O Fórum debaterá ainda questões como pobreza, fome, ODSs, padrões de produção e consumo, proteção social, desafios em economias em desenvolvimento, papel da sociedade civil, financiamento privado e outros. 

A sessão também será marcada pelo balanço das metas globais em 43 países, incluindo Cabo Verde. A conclusão das discussões e adoção de declaração final coincidirá com os 75 anos do Conselho Econômico e Social, em 16 de julho.