Enviado da ONU à Síria fala ao Conselho de Segurança sobre agravamento da situação humanitária
Geir Pedersen defendeu acesso aos sírios para passagem de ajuda; na quarta-feira, secretário-geral disse ao órgão que a passagem de alimentos, medicamentos e outros itens de socorro, pelo noroeste da Síria, tem que continuar; resolução autorizando a passagem expira em 10 de julho.
O Conselho de Segurança da ONU debate a grave situação humanitária na Síria, onde mais de 13,4 milhões de pessoas precisam de ajuda para sobreviver por causa da guerra.
O enviado especial do secretário-geral ao país, Geir Pedersen, reiterou ao órgão o apelo de António Guterres para manter aberta a passagem no noroeste para a chegada de alimentos, medicamentos e outros itens de socorro à população.
Solução
Pedersen lembra que os civis em todo o país precisam, desesperadamente, dessa ajuda. A abertura do cruzamento é autorizada numa resolução do Conselho de Segurança, a atual expira em 10 de julho.
Segundo o enviado, existe desconfiança entre as partes do conflito na Síria numa situação que já é bastante complexa no terreno. Mas para ele, é preciso encontrar uma solução que atenda a todos.
Pedersen disse que as conversações para uma solução do conflito devem continuar. Ele mesmo tem mantido contato constante com representantes da Rússia e dos Estados Unidos, o que ocorreu antes do Encontro de Cúpula de Genebra sobre o tema.
Nesta sexta-feira, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, informou que, todos os meses, mais de mil caminhões transportando comida, medicamentos e outros itens para o cruzamento de Bab al-Hawa, passam pelo local desde 2020.
Falha
António Guterres pediu aos membros do Conselho que obtenham consenso para autorizar o transporte por mais um ano e disse que a falha em alcançar esse resultado terá consequências arrasadoras para os sírios.
A guerra na Síria, que começou em 2011 e causou a maior operação humanitária da ONU no mundo com uma conta de US$ 10 bilhões para apoiar as pessoas afetadas no país e na região.
O secretário-geral lembrou que muitos sírios vivem hoje em piores condições desde o início do conflito. A situação no noroeste é mais grave com mais de 70% das pessoas precisando de assistência humanitária para sobreviver e quase 3 milhões deslocados.
Assistência
Quase um terço das pessoas assistidas pelo PMA vivem na região. Guterres contou que está dialogando com a Turquia e grupos que controlam a área.
O chefe interino do Escritório de Assistência Humanitária da ONU, Ramesh Rajasingham, afirmou que todos os canais devem ser abertos para entregar assistência que serve para salvar a vida das pessoas.
Segundo a ONU, os níveis de insegurança alimentar na Síria são os piores desde o início do conflito. Atualmente, 12,4 milhões de pessoas não têm o suficiente para comer o que representa quase 60% da população e um aumento de 4,5 milhões de pessoas em apenas um ano.
O preço dos alimentos segue disparando. No ano passado, o acréscimo foi de 247% com famílias inteiras sendo lançadas na pobreza.