Angola pede a Conselho de Segurança para acabar com embargo de armas contra República Centro-Africana
Presidente de Angola, João Lourenço, discursou em encontro em Nova Iorque; segundo o chefe de Estado, fatores que justificaram o embargo em 2013 já não existem e governo centro-africano deve poder desenvolver suas Forças Armadas.
O presidente de Angola, João Lourenço, pediu esta quarta-feira ao Conselho de Segurança que acabe com o embargo de armas à República Centro-Africana.
O chefe de Estado, que preside a Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, participou em um encontro do Conselho, em Nova Iorque, sobre a situação política no país africano.
Embargo
João Lourenço afirmou que o embargo, que impede o governo centro-africano de adquirir armamento desde 2013, foi aprovado “numa conjuntura em que era apropriado e necessário, bem diferente da atual.”
Segundo ele, “passaram-se anos e o quadro mudou, não sendo realista considerar que as mesmas razões que justificaram tal medida no passado ainda prevaleçam.”
O chefe de Estado angolano afirmou que o atual governo foi legitimado nas urnas, em dezembro, numa votação legítima, segundo a comunidade internacional.
“Estaremos a passar uma mensagem errada se a comunidade internacional que está a trabalhar pelo desarmamento, desmobilização, reintegração e repatriamento dos integrantes de grupos armados for a mesma a impedir a construção de verdadeiras forças armadas a altura dos desafios do país e da conturbada região.”
Comunidade internacional
João Lourenço afirmou que “o apoio internacional é cada vez mais importante para contribuir para os esforços pendentes para garantir a paz e a estabilidade” no país e descreveu os esforços de Angola nesta área.
Em 29 de janeiro, o governo angolano acolheu, em Luanda, uma cimeira sobre a situação política e de segurança no país, com representantes do Congo, Chade, Ruanda, Sudão e outras organizações internacionais.
Numa segunda cimeira, em abril, chefes de Estado e Governo pediram aos grupos armados que evitassem ações que colocam em risco o cessar-fogo e pediram apoio da comunidade internacional para revitalizar o acordo político.
Situação humanitária
Durante o encontro desta quarta-feira, os Estados-membros discutiram o relatório mais recente do secretário-geral, António Guterres, sobre o país.
Na sessão desta quarta-feira também discursarão o representante especial e chefe da Minusca, Mankeur Ndiaye, o comissário da União Africana para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança, Bankole Adeoye.
Com a atual crise humanitária, 2,8 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária e proteção.
Este mês, um relatório da ONU chamou a atenção para “o sistema de saúde que mal funciona”, uma situação agravada pela pandemia.